
A tarde parecia desenhada para um início promissor. Higo Magalhães, mesmo sem Bryann, ousou: lançou Felipe Albuquerque na lateral, escalou Álvaro como extremo pela direita, Marcelinho pela esquerda e, por dentro, uma cartada tática — Guilherme Cachoeira como meia infiltrando nas costas dos volantes. Um 4-3-3 disfarçado, com Igor Bahia centralizado.
Do outro lado, o Anápolis surpreendeu. Anunciou três zagueiros, mas jogou no 4-3-3. André, zagueiro de origem, virou volante ao lado de Samuel, com Rafael Mineiro de meia e dois extremos: Nathan Bahia e Douglas Santos, além de João Celeri como referência.

Durante os 20 minutos iniciais, o CSA deu as cartas. Cachoeira era invisível para os marcadores goianos, flutuava entre linhas e dava o ritmo do jogo. Mas o gol, planejado para sair até os 25 minutos, não veio. Então Higo mexeu na prancheta tática. Álvaro passou a jogar por dentro, Marcelinho inverteu para a direita e Cachoeira foi para a esquerda.

A mudança surtiu efeito. Igor Bahia saiu da área e, num toque de primeira, achou Nicola. O meia progrediu e, no espaço gerado, viu Marcelinho infiltrar em diagonal. Passe milimétrico. Finalização rasteira. Gol aos 36 minutos.
Só que o velho pecado azulino apareceu: a desconcentração. Um minuto após abrir o placar, o CSA levou o empate em jogada direta — daquelas que todo mundo sabe como começa e também como termina. Goleiro Paulo Henrique fez o lançamento, Douglas Santos ganhou de Enzo e serviu Celeri, que apareceu livre entre os zagueiros. Gabriel Félix ficou estático. Tudo igual no Rei Pelé.

Na segunda etapa, o CSA manteve o domínio territorial. Robinho entrou no lugar de Marcelinho, o Anápolis ajustou a linha defensiva recuando André para zagueiro e colocando o bom volante Pedro Thomaz no meio.
O Azulão girava a bola, mas faltava o passe que quebra linhas, aquele que cria a chance real. Robinho tentou. Enzo também. Mas parou no goleiro Paulo Henrique.
O empate na estreia não é o fim do mundo, mas acende o alerta. Se o CSA quiser brigar por acesso, o nível de concentração precisa estar no máximo do primeiro ao último minuto.
Craque do jogo: Gustavo Nicola. Dominante na contenção, inteligente com e sem a bola, assistência, dono do ritmo no meio.