O Botafogo viveu, em 2024, o ápice de sua redenção. Após anos de dificuldades, o clube da Estrela Solitária conquistou dois títulos históricos: o Campeonato Brasileiro, quebrando um jejum de 28 anos, e a inédita Copa Libertadores. Mas o sucesso não veio da noite para o dia. Houve um processo de maturação, planejamento e, acima de tudo, mudança cultural.
No cenário alagoano, o CSA chegou a ensaiar uma discussão sobre SAF, trazendo especialistas para debater o tema com o conselho. No entanto, como de costume, disputas políticas internas acabaram paralisando o processo. Durante o programa Bola Quente, a presidente do CSA, Miriam Monte, foi direta ao falar sobre a situação financeira do clube:
“O CSA precisa discutir internamente a viabilização de uma SAF. Hoje, o clube depende de verbas públicas, e isso não pode ser uma solução permanente.”
Miriam reforçou que o primeiro passo para o CSA é buscar a classificação para a Copa do Nordeste, garantindo a cota da Lampions League, além de ampliar patrocínios com a visibilidade das transmissões do Premiere. Contudo, ao falar sobre a necessidade de mudar a cultura administrativa, ela deixou uma mensagem clara: o clube saiu do modelo mecenas, mas se tornou refém de recursos públicos.
Esse cenário reflete um problema mais amplo em Alagoas. Segundo dados do GE, até novembro de 2024, o estado estava entre os oito que não possuem nenhum clube no modelo SAF, ao lado de Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí e Roraima. Enquanto isso, estados como Minas Gerais, Paraná e São Paulo lideram o ranking, com 9, 10 e 14 clubes no formato SAF, respectivamente. Essa ausência escancara o atraso local em relação à modernização do futebol.
No caso do CRB, o clube mantém um equilíbrio financeiro estável e ostenta uma das maiores permanências consecutivas na Série B. Porém, ao longo de todos esses anos, a torcida exige apenas uma coisa: o acesso à Série A. Talvez a tão sonhada ousadia do CRB seja finalmente buscar atrair investimentos e estruturar o clube para disputar, de fato, o acesso, indo além da mera sobrevivência na Série B.
Em 2025, quase 50% dos clubes da Série B serão SAFs, aumentando ainda mais o abismo financeiro entre clubes tradicionais e os que optaram por essa modernização. Ignorar esse movimento significa ampliar a desvantagem frente a concorrentes diretos, tanto na questão financeira quanto na capacidade de planejamento esportivo.
Embora a transformação em SAF não garanta sucesso imediato, ela representa um passo estratégico para clubes de menor expressão financeira. A falta de discussão e preparo, tanto no CSA quanto no CRB, não só limita o crescimento, mas também ameaça a sobrevivência no cenário nacional. O futebol alagoano precisa enxergar além das soluções temporárias e preparar o terreno para competir no futebol moderno.