
O CRB venceu fora de casa. De virada. Contra um adversário que impôs dificuldades e explorou as mesmas fragilidades já vistas na estreia. A diferença é que, desta vez, o técnico Barroca teve leitura, interveio na hora certa e saiu com três pontos que, num contexto de Série B, dizem muito mais do que a tabela mostra.
Barroca manteve o tão falado “critério”. Mesmo com desempenho ruim diante da Chapecoense, optou por repetir a escalação. Bancou a decisão. E viu, mais uma vez, um primeiro tempo com defeitos claros: vulnerabilidade pelo lado esquerdo, corredor central envolvido com facilidade e dificuldade de manter a posse na fase ofensiva. O Athletic poderia ter feito mais do que 1x0.

Mas não fez por um motivo: Mateus Albino. Mais uma vez, o goleiro foi o melhor em campo. Salvou, evitou o estrago maior e sustentou o time até que o técnico mexesse.
No segundo tempo, Barroca mostrou por que é treinador de convicção, mas também de leitura. Corrigiu com três peças:

– Mateus Ribeiro entrou para fechar o lado vulnerável.– Breno Herculano passou a dar sustentação no ataque.– E o principal: criou um triângulo central com Méritao na base, Danielzinho e Gegê mais adiantados. O time passou a ocupar melhor os espaços e respirar com a bola.
Gegê empatou em uma cobrança de falta por baixo da barreira. E a virada veio com leitura clínica: Wesley Gasolina, lateral do Athletic, dava sinais claros de desgaste. Barroca percebeu e colocou Douglas Baggio exatamente para explorar aquele corredor. Resultado? Baggio acelerou no trecho final e marcou o gol da vitória.
Dois jogos, duas vitórias. Mas com um dado que acende o alerta: nos dois, o goleiro foi o melhor do time. Isso não pode ser normal, nem sustentável. Há muito o que corrigir.
O que se nota, porém, é que parece ter nascido ali um pacto interno. Um grupo comprometido em responder aos ruídos externos com resultado. Danielzinho e Gegê, que em outro momento da temporada não encaixaram, hoje mostram química e base física mais sólida. A zaga começa a se entender melhor. E o time ganha alternativas.
Agora vem o Volta Redonda, quinta-feira, que chega com dois jogos e duas derrotas. É o típico jogo que não pode escapar. E no domingo, tem o lider Athletico-PR.
Momento ideal para transformar os 6 pontos em afirmação. Não só na tabela. Mas no ambiente. Com o torcedor. E com a própria competição.
O recado está dado: o CRB está vivo, focado — e na briga.