
A chegada de Eduardo Barroca ao CRB é um reflexo de um clube que parece ter perdido o controle de seus próprios destinos. Desde setembro de 2024, passaram pelo comando técnico Daniel Paulista, Bruno Pivetti, Hélio dos Anjos e Umberto Louzer. Agora, Barroca é a quinta aposta em apenas seis meses. Nenhum planejamento sério pode prosperar num ambiente tão instável, onde decisões são pautadas pelo clamor das redes sociais e pela reação imediata.
A eleição acabou. É hora de liderar com firmeza, mas o CRB continua refém de movimentos populistas e da falta de visão estratégica. A demissão de Louzer, por exemplo, não foi consequência da eliminação para o Fortaleza, superior e de Série A, mas fruto de um acúmulo de frustrações geradas por decisões erradas no planejamento. Priorizar o estadual em detrimento da Copa do Nordeste foi um erro caro. As eliminações para equipes de divisões inferiores trouxeram cobranças que não dão sinais de diminuir.
Barroca chega com bons credenciais: dois acessos à Série A e um título de Copa do Nordeste. Seu estilo de jogo, baseado em posse de bola e organização ofensiva, exige tempo, elenco qualificado e paciência. Mas, num clube onde a cultura de convicção foi trocada por ciclos curtos e instabilidade, ele já sabe que o tempo será seu maior inimigo.

Nos bastidores, a presença de Ari Barros no futebol e Eduardo Marinho, apontado como “presidente de fato,” trazem algum alívio, mas a desconfiança generalizada persiste. A saída de figuras estratégicas, como Thiago Paes, enfraqueceu a estrutura do clube, que agora precisa desesperadamente de líderes que tracem direções claras e sustentáveis.
O título alagoano perdeu relevância em questão de semanas. A dura realidade da Série B exige mais do que discursos e substituições frequentes: exige convicção, estratégia e elenco. Sem isso, nenhum técnico, por mais qualificado, pode realizar milagres.