
O futebol moderno tem seus próprios códigos. Alguns, visíveis. Outros, não escritos — mas igualmente julgados. Entre eles, um em especial sempre divide opiniões: a não comemoração de gols contra um ex-clube.
No último fim de semana, o debate voltou à tona nos senadinhos da bola espalhados pelo País. No mesmo jogo entre Cruzeiro e Flamengo, dois casos distintos esquentaram a conversa: Arrascaeta, hoje no Flamengo, empatou a partida, mas não comemorou — em respeito ao clube onde brilhou. Do outro lado, Gabigol, agora emprestado ao Cruzeiro, fez o gol da vitória sobre o time que o projetou ao topo — e também optou pelo silêncio.
Para muitos, essas atitudes soam como respeito. Para outros, como frustração. Afinal, o atleta é pago — e bem pago — pelo clube atual. Por que não comemorar um gol que ajuda seu time a vencer?
Do outro lado da arquibancada, há quem se emocione com o gesto. Veem ali gratidão, memória afetiva, sinal de que o jogador não apagou sua história.
E a dúvida se espalha como escanteio mal batido: é certo? É errado? É teatrinho ou sentimento genuíno?

Na terrinha, Anselmo Ramon já avisou: se marcar contra o CRB, não comemora. Foram quatro anos de identificação e entrega. Como julgar?
A verdade é que esse tipo de escolha está além do “certo ou errado”. É pessoal. É íntimo. É sobre o que se carrega no peito — e não no bolso. Cada jogador lida com isso à sua maneira. E cada torcedor, claro, também.