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DUNGA

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Blog do Marlon

Brasil vs. Dunga: Quando a derrota vai além do campo


			
				Brasil vs. Dunga: Quando a derrota vai além do campo
DUNGA. Marlon Araújo

Em 1990, a eliminação do Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo transformou Dunga no símbolo da frustração nacional. Capitão da seleção, foi apontado como culpado por não ter parado Maradona na jogada que resultou no gol de Caniggia. Assim nasceu a “era Dunga”, uma metáfora depreciativa que passou a representar qualquer coisa que dava errado no país: uma enchente? Era Dunga. A economia em crise? Era Dunga.


			
				Brasil vs. Dunga: Quando a derrota vai além do campo
Casseta popular, 1990.. historyofsoccer

A série Brasil vs. Dunga: Futebol em Pé de Guerra resgata esse momento e expõe como a opinião pública tratou uma derrota multifatorial com a simplicidade cruel do certo e errado. Dunga foi eleito o vilão de uma tragédia que envolvia muito mais do que um único lance de jogo. Estratégias mal executadas, falhas coletivas e a genialidade de Maradona foram ignoradas em prol de uma narrativa que reduziu um esporte coletivo a um único culpado.

Somente em 1994 ele conseguiu dar a volta por cima, levantando a taça como capitão, mas confessou que as marcas daquela fase nunca cicatrizaram completamente. “Quando vejo uma câmera, dificilmente consigo sorrir”, admitiu anos depois.

A história de Dunga reflete um comportamento recorrente no esporte e na sociedade: a busca por vilões para simplificar situações complexas. Essa prática ignora os múltiplos fatores que levam a um resultado, transformando derrotas em narrativas binárias de mocinhos e vilões.


			
				Brasil vs. Dunga: Quando a derrota vai além do campo
Barbosa goleiro da Seleção de 1950. Divulgação museu dos esportes

Outros casos no futebol reforçam esse padrão. Barbosa, goleiro da seleção de 1950, carregou por décadas o peso do “Maracanazo”, vivendo sob a sombra de uma culpa que nunca foi sua. Muitos atletas, após erros decisivos, tiveram carreiras destruídas e não conseguiram recuperar sua confiança. São vidas marcadas por julgamentos públicos impiedosos que ignoram contextos e responsabilidades coletivas.

Esse maniqueísmo, tão frequente no futebol, também se reflete no dia a dia. Quando algo dá errado, buscamos um “Dunga” para culpar: o chefe, o professor, o colega. Mas raramente nos perguntamos se o problema não é o resultado de uma série de fatores interligados. Afinal, tanto no esporte quanto na vida, um erro é quase sempre consequência de uma engrenagem maior, que envolve estrutura, planejamento e circunstâncias.


			
				Brasil vs. Dunga: Quando a derrota vai além do campo
Dunga é o apelido dado a Carlos Caetano Bledorn Verri- O Capitão Brasileiro 1994 -. historyofsoccer

Dunga, hoje, é um símbolo de resiliência. Ele superou as críticas, mas carrega as cicatrizes emocionais de uma sociedade que prefere simplificar o complexo. Sua trajetória nos alerta para os perigos de reduzir histórias de fracasso a explicações simplistas. No futebol, um gol perdido pode começar em treinamentos mal conduzidos, estruturas frágeis ou pressões externas. No entanto, apontar um culpado parece ser o caminho mais fácil para lidar com as frustrações coletivas.

O futebol é um jogo de equipe, assim como a vida é um emaranhado de causas e consequências. Talvez, ao entender isso, possamos evitar criar novos “Dungas” em busca de culpados que, na verdade, nunca estiveram sozinhos.

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