
No futebol, continuidade é uma palavra difícil de ser aplicada. Nem sempre um trabalho pode ser mantido a longo prazo, mas a história mostra que projetos sustentáveis tendem a ser o caminho mais seguro para o crescimento e a concretização de objetivos.
O Campeonato Alagoano de 2025 reforça essa tese. Entre os quatro semifinalistas, nenhum teve seu trabalho interrompido. Bebeto Moraes, Higo Magalhães e os dois finalistas, Umberto Louzer e Ranielle Ribeiro, chegaram ao fim de suas jornadas no Estadual. Os dois últimos, inclusive, foram os que mais enfrentaram pressão durante a temporada.
Aqui cabe um mérito aos presidentes Mário Marroquim, do CRB, e Rogério Siqueira, do ASA, que resistiram ao imediatismo e sustentaram seus treinadores mesmo diante das críticas.
Ranielle iniciou a temporada com dois jogos eliminatórios nos primeiros oito dias do ano. A queda precoce na Pré-Copa do Nordeste fez crescer pedidos por sua demissão, que se intensificaram após três empates consecutivos no Estadual. Em outros tempos, a mudança de comando seria quase inevitável, mas Siqueira manteve o técnico, permitindo a evolução do time. O resultado? O ASA eliminou um dos grandes favoritos da competição e agora pode colher os frutos, seja com um título estadual, seja com um time estruturado para a Série D, precisando apenas de ajustes pontuais para um elenco competitivo no cenário nacional.
Louzer enfrentou pressão semelhante. Com um elenco reformulado e sem tempo para trabalhar até conceitos básicos do jogo, foi alvo de questionamentos que iam além da equipe em campo. Boa parte da crítica apontava sua falta de capacidade para comandar o clube. As cobranças vinham de analistas e, principalmente, dos “técnicos de plantão” das redes sociais. Mas Louzer foi blindado, recebeu reforços e, com mais tempo e repetição, começou a dar forma ao time. Hoje, com um CRB em clara evolução, apresenta uma equipe mais consciente dos processos e dos modelos de jogo, colhendo os primeiros sinais de um trabalho que pode render frutos.
O que esses dois casos ensinam? Que a pressão faz parte do futebol, mas que a paciência também é um elemento do jogo. O tempo dado aos treinadores permitiu que as respostas viessem de forma concreta. E, pelo que se desenha, as decisões dos clubes indicam que o caminho escolhido foi o correto.