As horas se passaram e o golpe não veio; na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, separando as milhares de latinhas de cerveja, que fizeram a festa dos ambulantes e catadores de recicláveis, o que ficou foi um cheiro de spray de pimenta insuportável, mas necessário para afastar alguns bêbados que queriam invadir o Itamaraty.
Cerca de 2 mil pessoas e três dezenas de ônibus e caminhões se misturaram na pista bloqueada. O presidenteJair Bolsonarosobrevoou a Esplanada num helicóptero militar, depois discursou para os apoiadores, a maioria deles arregimentados no Mato Grosso, em Goiás e Tocantins, e que fizeram a festa da rede hoteleira, bares e restaurantes da Capital Federal.
Em seguida,Bolsonarovoou para São Paulo, onde reuniu 125 mil pessoas, de acordo com cálculo da Polícia Militar, e lá voltou a pregar o golpe e atacar o ministroAlexandre de Moraes, como se o ministro do Supremo estivesse agindo à revelia da lei - pelo contrário,Moraesage rigorosamente dentro da Constituição; quem desrespeita a Constituição é o presidente da República.
Bolsonaroagora anuncia que vai convocar o Conselho da República, mas não explica para decidir sobre o quê. Sobre a decretação do Estado de Defesa ou Estado de Sítio? Não há respaldo técnico para isso. Para destituir o ministroAlexandre deMoraes? Seria o absurdo dos absurdos se a pauta fosse essa, porque o ministro apenas está decidindo sobre o que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal lhe pedem, com robustas provas de crimes.
O Conselho da República é formado por 14 membros, mas, pelo menos dois deles, e os mais importantes, que são o presidente do Supremo,Luiz Fux, que seria o convidado especial, e o presidente do Congresso Nacional,Rodrigo Pacheco, já informaram que não participarão da reunião.Bolsonaroprometeu convocar a reunião do Conselho nesta quarta-feira, 8, e vamos aguardar para saber se não é mais uma bravata.
Porque o golpe anunciado para este dia 7 de setembro foi a montanha que pariu um rato, que roeu a roupa do rei de Roma.
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