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Queimadas atingem Alagoas; já são mais de 7 mil focos neste ano

Situação contribui para o desmatamento de mata nativa e o desaparecimento de espécies


				
					Queimadas atingem Alagoas; já são mais de 7 mil focos neste ano
Queimadas são registradas pelo IMA. Divulgação/IMA

As queimadas ganharam um protagonismo nos últimos dias por terem provocado transtornos no país, com a queda da qualidade do ar, com a baixa umidade deixando muitas pessoas preocupadas e a fumaça proveniente dessa prática se espalhando por vários estados. Em Alagoas, as queimadas também acontecem, mesmo que em menor proporção, contribuindo para o desmatamento de mata nativa e o desaparecimento de espécies. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam para o registro de mais de 7 mil focos de janeiro até o último dia 7 de setembro deste ano somente no estado.

A consultora ambiental do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Isabel Nepomuceno, conta que as queimadas podem acontecer de duas formas: a controlada, que é licenciada pelo IMA, e a irregular. Provocadas quase em sua totalidade pela ação humana, os focos irregulares, provenientes da queima clandestina, têm, como principal motivação, a expansão agrícola.

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“A ação humana pode ser apontada como principal fator das queimadas. É importante esclarecer que existe a queima controlada e a queimada irregular. O que são as queimadas controladas? São as que possuem autorização para o cultivo agrícola, principalmente a cana-de-açúcar. Essa queima é licenciada pelo IMA. Na queima irregular, que é uma queima clandestina, as pessoas usam o fogo para auxílio no desmatamento. Nesse caso, o principal fator é a expansão agrícola, quando há o desmatamento para a criação de pasto e expansão da produção”, explica.

Relatório divulgado semanalmente pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), baseado nos dados do INPE, traz os dados referentes às queimadas em Alagoas. Ele aponta que, somente no mês de agosto, entre os dias 4 e 31, foram contabilizados 153 focos de queimadas no estado, dos quais 129 foram monitorados por ocorrerem em remanescentes de vegetação, unidades de conservação ou propriedades rurais.

Na última semana de monitoramento divulgada pelo IMA - até o fechamento desta matéria -, que abrange de 1 a 7 de setembro, foram registrados 163 ocorrências, número que é maior que os casos de todo o mês de agosto. Do total de registros de queimadas deste ano, o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM) foi acionado somente para 37. No ano passado, a corporação fez 96 atendimentos nesse sentido.

De acordo com o IMA, essas queimadas são mais frequentes nos períodos mais quentes do ano e, no caso das controladas, elas ocorrem, na maioria das vezes, para a execução da queima da cana-de-açúcar pelas usinas. “As queimadas podem acontecer de forma natural, criminosa [sem autorização] e na forma de queima controlada, onde é emitida autorização pelo IMA. Essas autorizações, em sua maioria, são para execução da queima da cana-de-açúcar pelas usinas, logo, nos períodos de safra entre agosto e janeiro, existe o aumento das queimadas no Estado de Alagoas”, pontua Isabel.

Para se ter uma ideia, no mês de janeiro desde ano, quando as temperaturas estão altas, o número de ocorrências registradas pelo IMA, baseadas no monitoramento do INPE, ultrapassou a marca dos 3 mil focos em Alagoas.

Entre os impactos negativos provenientes dessa prática, estão a baixa qualidade do ar, pela emissão de gases poluentes e fumaça, que causam mal à saúde do ser humano e afetam o meio ambiente, contribuindo para o chamado aquecimento global e efeito estufa. As queimadas também afetam as características do solo, implicando na queda da qualidade dele. Além disso, também provocam o desequilíbrio do ciclo da água, além de impactarem diretamente na biodiversidade.

“Como consequência das queimadas sobre a fauna e a flora, temos a perda de habitat, a morte de indivíduos, que pode acarretar na diminuição da população das espécies, o desequilíbrio ecológico e até mesmo a extinção. Apesar disso, ainda não foi reconhecida, oficialmente, no Estado de Alagoas, a extinção de espécies da fauna e flora da nossa região”, diz.

Apesar de ter um número considerado alto, Alagoas tem um dos menores registros de ocorrências de queimadas do país, conforme levantamento do INPE, que utiliza satélites para fazer o monitoramento dos focos em todo o país.

De janeiro a 7 de setembro de 2024, Alagoas contabilizou 7.038 queimadas, o que coloca o estado entre os que menos registraram focos este ano, atrás apenas da Paraíba, do Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Sergipe e Amapá. O estado do Mato Grosso é o que amarga o maior número de incêndios em vegetação este ano no país, com mais de 13,5 mil focos somente no último mês de agosto e um quantitativo superior a 1 milhão deles desde 1º de janeiro, o que representa mais de 23% de todos os incêndios em vegetação registrados ao longo do ano.

De acordo com o IMA, a população pode colaborar para evitar as queimadas não jogando lixo em locais inapropriados, principalmente em áreas de mata, e não fazendo o uso do fogo nos períodos mais quentes do ano. Além disso, é importante também denunciar as práticas criminosas, e sempre que verificar a existência de um foco em áreas de mata, acionar o Corpo de Bombeiros.

À reportagem, o Instituto do Meio Ambiente informou que vem trabalhando com monitoramento em conjunto com órgãos ambientais e fiscalizadores, a exemplo do Ibama, do ICMBio, do Ministério Público Estadual (MPE) e do Ministério Público Federal (MPF), no sentido de identificar e autuar os responsáveis pela prática de crimes ambientais, entre eles as queimadas clandestinas.

A educação ambiental, que também é fundamental para conscientizar a população, também tem sido praticada. “Em outra frente, o órgão promove ações de educação ambiental com o objetivo de levar conhecimento à população a fim de evitar práticas que possam trazer danos ao meio ambiente”, conclui Isabel.

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