
O período de seca chegou mais cedo em 2024. Com isso, alguns municípios de Alagoas estão apresentando, já nesta época do ano, temperaturas mais altas e um pouco acima da média, especialmente no Alto Sertão, além de baixa umidade. Segundo o Centro de Estudos e Pesquisas em Defesa Civil, todo o estado de Alagoas está com desnível negativo de chuvas, com previsão de agravamento da seca para os próximos meses.
Devido à situação, a Defesa Civil Estadual está reunida com as Defesas Civis Municipais para um planejamento, já que a situação é bastante preocupante.
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A edição da Gazeta de Alagoas do final de semana mostrou que a situação da seca já está afetando rios, principalmente o Ipanema – que corta as cidades de Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, Olivença e Batalha, desaguando em Belo Monte – e o Rio Traipu, sendo mais crítica em Batalha e Jaramataia. Muitos trechos já estão com pouca água e, em alguns pontos, sem água corrente. A tendência dos próximos meses é de que eles sequem ainda mais.
Quem vive nessas localidades já começa a sentir os efeitos da baixa umidade, como o ressecamento das vias nasais, sangramento das vias respiratórias e processos alérgicos. A piora na saúde da população local é uma das preocupações dos especialistas, que também apontam que a seca contribui com o risco de queimadas.
Segundo Paulo Américo, diretor de Proteção da Defesa Civil de Santana do Ipanema, o município vem sofrendo com altas temperaturas desde a última segunda-feira (7), com um aumento de pedidos de água por parte da população, especialmente na zona rural.
“Tivemos que enviar caminhões-pipa adicionais para essas comunidades, para poder suprir a demanda devido às altas temperaturas. O rio Ipanema é um rio intermitente. No período de verão, ele sempre fica muito baixo ou praticamente seco”, explica.
O meteorologista da Semarh Vinícius Pinho, explica que o período chuvoso acabou antes da época neste ano, com o final do mês de julho e início de agosto já sendo de poucas chuvas.
“Isso fez com que o tempo ficasse mais seco, a umidade diminuísse e, consequentemente, a ente já tivesse alguns registros de temperaturas mais elevadas”, detalha.
De acordo com Pinho, apesar da primavera ter a característica de elevação das temperaturas, o que se vê são situações climáticas do fim da estação e início do verão. “Não é comum a gente ter baixa umidade do ar nessa época do ano, nem incidências do vento que estamos registrando ainda no mês de outubro”, fala.
A previsão para os próximos meses é de temperaturas acima das médias climatológicas para todas as regiões de Alagoas, agravando a situação da seca, tornando gradualmente os dias mais quentes.
“Neste momento, hoje mesmo, toda a região do Agreste já é classificada uma região de seca fraca. No Sertão do São Francisco, essa seca já pode ser considerada moderada. Consequentemente, já que as nossas reservas hídricas já são poucas, pode vir a faltar água para o pós-período chuvoso”, continua Pinho.
O meteorologista revelou que a situação deve se agravar nos próximos meses. “Estamos com regiões, principalmente no Sertão e Sertão do São Francisco, com o índice mais baixo de umidade relativa do ar. Mais próximo do Litoral vai ficando mais úmido, mas está na faixa dos 70%, o que para essa região é preocupante”, finaliza.