As Polícias Científica e Civil se uniram ao Ministério Público de Alagoas (MP/AL) para ampliar buscas por pessoas desaparecidas em Alagoas, a partir desta segunda-feira (26). As ações itinerantes ocorrem no interior do Estado, com coletas de material genético, fazendo um chamamento dos familiares dos desaparecidos para comparecerem aos Institutos Médico Legal (IMLs) de Maceió e Arapiraca e fornecerem o material genético, que será coletado por peritos odontologistas e por técnicos forenses.
As ações fazem parte da mobilização nacional, que acontecerá de hoje até o dia 30 de agosto. Alagoas registrou 375 boletins de ocorrências de pessoas desaparecidas de janeiro a julho deste ano, segundo relatório divulgado pelo site do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ).
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Em 2023, foram 626 desaparecimentos. Isso representa uma média de 2 pessoas desaparecidas por dia, totalizando 1.001 pessoas nos últimos dois anos.
“Já estamos preparados para receber essas famílias que buscam por entes queridos desaparecidos. Na primeira mobilização ocorrida em 2021, conseguimos respostas em todo o Brasil, inclusive aqui em Alagoas, onde tivemos dois ‘matchs’ de famílias que encontraram seus familiares. Isso demonstra a seriedade do projeto, e o uso do DNA como ferramenta na busca de pessoas desaparecidas”, disse a perita-geral Rosana Coutinho.
A delegada Rosimeire Freire destacou que esta é apenas a primeira fase da mobilização. Também haverá uma articulação para ampliar o projeto e facilitar a comunicação entre os órgãos que atuam no esclarecimento de casos de pessoas desaparecidas no estado.
“Em setembro haverá uma nova etapa da mobilização, com a coleta de DNA e impressões digitais de pessoas vivas não identificadas, que estejam em abrigos, hospitais, de modo que essas informações também sejam lançadas na Rede de Bancos de Perfis Genéticos para confronto. Também levarei para a reunião nacional das autoridades centrais sugestões de ampliação da campanha com a inclusão de detentos do sistema prisional”, afirmou a delegada.
Outra sugestão aprovada foi a criação de um calendário especial para coletas de DNA de familiares de pessoas desaparecidas nas cidades que não possuem IML e onde a Polícia Civil possui uma delegacia regional. Nessa ação itinerante, após uma mobilização regional, o Laboratório Móvel do Instituto de Criminalística irá coletar material genético de familiares e de pessoas sem identificação da área coberta pela regional, encurtando a distância dessas pessoas que vivem em regiões mais distantes e que muitas vezes não têm condições financeiras de se deslocar para Arapiraca ou Maceió.
A coordenadora do PLID/AL, promotora de Justiça Marluce Falcão, falou da importância da união das forças dos diversos órgãos no enfrentamento desse grande problema de pessoas desaparecidas ou não identificadas. Ela alertou para o aumento de pessoas nas ruas em situação de vulnerabilidade, de pessoas diagnosticadas com problemas mentais, e até mesmo de inúmeros casos de presos do sistema penitenciário que omitem sua identificação ou se negam a ser identificados.
“Provavelmente são pessoas desaparecidas dos seus familiares, por algum motivo, por entrarem no mundo das drogas, por serem portadoras de algum tipo de deficiência mental, ou até mesmo moradores de rua que não têm a mínima informação sobre os seus familiares que podem ser de outro estado. Então, precisamos unir forças e trazer soluções para garantir a essas pessoas e às famílias delas a oportunidade de se reencontrar”, alertou a promotora.
Além da sugestão da coleta do DNA de detentos, a coordenadora do Plid também sugeriu o aperfeiçoamento da troca de informações com o setor responsável pelo Disque Denúncia 181. Outra cobrança da promotora foi a realização de um mapeamento dos locais de possível desova de corpos e de até ocultação de cadáveres, através da Delegacia de Homicídios para a realização de uma força-tarefa para buscas nessas áreas.
*Com assessoria