
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que vai transportar, nesta terça-feira (1º/7), o corpo de Juliana Marins, que morreu na Indonésia, do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. O pouso está previsto para as 18h30.
Juliana faleceu após cair no vulcão Rinjani, na ilha de Lombok, e a repatriação do corpo ao Brasil foi acompanhada por uma mobilização da família, autoridades e instituições públicas. A chegada ao país marca uma nova etapa do caso, com a expectativa de um novo exame para esclarecer dúvidas sobre a morte da jovem.
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Segundo a Defensoria Pública da União (DPU), será realizada uma nova autópsia no Brasil. O procedimento deverá ocorrer em até seis horas após a chegada do corpo, para preservar eventuais evidências. A família de Juliana contesta o laudo apresentado pelas autoridades da Indonésia, que apontou acidente como causa da morte.
Os detalhes sobre a necrópsia ainda não foram definidos. Uma audiência reunindo representantes da DPU, da Advocacia-Geral da União (AGU) e do governo do Rio de Janeiro ocorreu nesta terça para definir os trâmites, mas as decisões ainda não foram divulgadas oficialmente. O objetivo é estabelecer como será conduzido o procedimento e em qual instituição ocorrerá.
A reunião também buscará garantir que os desejos da família sejam atendidos. O governo federal acompanha o caso de perto, e a prioridade à apuração foi determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diante da repercussão nacional e internacional da morte.
A Prefeitura de Niterói, cidade natal de Juliana, é responsável pelos custos do traslado dentro do Brasil. A expectativa da família é que a nova perícia forneça respostas sobre as circunstâncias da morte da jovem, que havia viajado à Ásia para turismo e compartilhava a experiência nas redes sociais.
Por que uma nova autópsia será feita
A nova autópsia foi solicitada pela família da vítima, representada pela DPU, que apontou inconsistências no atestado de óbito emitido pela Embaixada do Brasil em Jacarta. O documento se baseou em informações da autópsia feita pelas autoridades indonésias, mas não esclareceu com precisão o momento da morte de Juliana.
A principal dúvida gira em torno da possibilidade de omissão de socorro. Imagens de drones de turistas indicam que Juliana poderia ter sobrevivido por mais tempo após a queda durante a trilha.
A família acredita que ela tenha resistido por dias aguardando o resgate — hipótese que não foi confirmada pela necropsia feita na Indonésia. A depender dos resultados do novo exame, autoridades brasileiras poderão investigar eventuais responsabilidades civis ou criminais.
O que disse a primeira autópsia
A primeira autópsia no corpo de Juliana Marins foi realizada em um hospital na ilha de Bali, na Indonésia, logo após a remoção do corpo do Parque Nacional do Monte Rinjani, na última quarta-feira (25/6). O procedimento foi conduzido na quinta-feira (26/6), e os resultados foram divulgados em uma entrevista coletiva no dia seguinte (27/6).
Segundo o médico-legista responsável, Ida Bagus Putu Alit, Juliana morreu em decorrência de múltiplas fraturas e lesões internas provocadas por um forte impacto.
“Os indícios mostram que a morte foi quase imediata. Por quê? Devido à extensão dos ferimentos, fraturas múltiplas, lesões internas — praticamente em todo o corpo, incluindo órgãos internos do tórax. [Ela sobreviveu por] menos de 20 minutos”, afirmou ele. O legista também descartou a possibilidade de hipotermia.
Críticas da família
A forma como a primeira autópsia foi divulgada gerou críticas da família de Juliana. Mariana Marins, irmã da vítima, relatou indignação com o fato de o laudo ter sido exposto à imprensa antes mesmo de ser comunicado formalmente à família.
“Minha família foi chamada no hospital para receber o laudo, mas, antes que eles tivessem acesso, o médico achou de bom tom dar uma coletiva de imprensa. É absurdo atrás de absurdo e não acaba mais”, disse Mariana.
A expectativa é que o procedimento traga mais clareza sobre o tempo de sobrevivência após a queda e ajude a esclarecer eventuais responsabilidades.
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