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Quais são as diferenças entre o pornô feminista e o pornô tradicional?

O que faz as mulheres se excitarem mais na pornografia feita para elas? Marie Claire explica o que fazem os vídeos pornô feministas atraírem mais o olhar feminino


			
				Quais são as diferenças entre o pornô feminista e o pornô tradicional?
Sensação de ter que garimpar muito entre os vídeos até encontrar algo realmente excitante pode ser mais comum do que se imagina. Reprodução/Unsplash

Você já sentiu dificuldade em se excitar com a pornografia que encontra nos sites mais famosos de conteúdo adulto? Não se sinta sozinha. A sensação de ter que garimpar muito entre os vídeos até encontrar algo realmente excitante pode ser mais comum do que se imagina.

Isso acontece porque o pornô tradicional não é feito para instigar e dar tesão em pessoas diversas — ao contrário disso, segue roteiros previsíveis direcionados apenas ao prazer de homens cis. Mas você pode pensar: não teria uma outra forma de produzir esses conteúdos eróticos? É aí que entra o pornô feminista como contraponto.

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Mas o que de fato muda nesse tipo de produção que atrai mais mulheres e pessoas LGBTQIAPN+? A ideia do pornô feminista é tirar as mulheres — e pessoas normalmente fetichizadas pela pornografia — do papel de objeto sexual e colocá-las no centro do erotismo e valorizar o prazer e as sensações nas telas, ao propor uma nova maneira de olhar, sentir e representar o sexo.

Falemos o óbvio: quem melhor para entender o que mulheres gostariam de assistir do que as próprias mulheres? Foi a partir daí que várias diretoras e produtoras no mundo todo resolveram tomar as rédeas e produzir seus próprios filmes. “Quando eu percebi que poderia virar a câmera para contar o nosso ponto de vista, sem dúvida foi excitante”, contou a diretora brasileira May Medeiros em uma entrevista ao Metrópoles em 2021.

Que tipos de vídeos pornô atraem mais as mulheres?

O que pode atrair o olhar feminino pode variar muito, desde um sexo mais baunilha (lê-se tradicional) com contexto e preliminares longas, até algo bem fetichista, sem rodeios, com práticas consideradas mais extremas. O que muda é justamente a forma como esse vídeo é pensado e filmado.

Segundo o relatório Year in Review, feito pelo Pornhub, as três categorias preferidas pelos homens são “japonesa” em primeiro lugar, “MILF” em segundo e “madura” em terceiro. Já no caso das mulheres, a categoria lésbicas foi a mais acessada, seguida por “japonesa” e “MILF”. No entanto, quando se observa as categorias gerais do site que tiveram mais visualizações de mulheres do que de homens, o destaque vai para a Tesourinha e Sexo oral em vulvas.

Por incrível que pareça, essa preferência não está necessariamente ligada à orientação sexual delas, mas pode representar a vontade que as mulheres têm de assistir vídeos em que o prazer delas esteja mais evidente. Os vídeos da categoria lésbica, mesmo no pornô tradicional que é feito para agradar o olhar cis masculino, destacam (não propositalmente) a parte do sexo que mais as excitam: estímulos de clitóris, dos seios e muito sexo oral.

Pornô feminista x pornô tradicional: quais são as diferenças?

O pornô tradicional costuma produzir vídeos sem tanto apreço pelo realismo. O que fica mais aparente ali são os corpos magros, brancos, muitas vezes siliconados e dentro do padrão estético. Tudo o que foge dessa regra vira categoria estereotipada, como as relacionadas a etnia, identidade de gênero, tamanho de corpos e até nacionalidade.

A indústria pornográfica em si é considerada tóxica por conta desse comportamento e representação que objetifica e maltrata mulheres — e outras minorias. Esse tipo de pensamento pode inclusive levar muitas pessoas a evitarem esse tipo de conteúdo.

Um dos objetivos do pornô feminista é justamente subverter a ideia de que corpos que fogem do padrão existem apenas para serem fetichizados, e mostrar que é possível representá-los como pessoas desejáveis de forma legítima — além de desafiar a noção de que a pornografia não pode ser admirada pelas mulheres (e pessoas queer) e mostrar o sexo com mais compromisso com a realidade.

Vídeos mais realistas

Enquanto no pornô tradicional o gozo masculino é considerado o ápice da pornografia, (com uso de muito sêmen falso, inclusive) —, os vídeos eróticos pensados para o público feminino não costumam acabar logo depois disso. As conversas e carinhos pós-sexo também fazem parte da experiência.

Os filmes dirigidos por mulheres retratam o orgasmo feminino como ele realmente é, e (pasmem!) ele não chega com poucos minutos de sexo oral apressado ou penetração automática. Tudo é feito e sentido no seu tempo. As sensações são o destaque e ajudam a construir toda a tensão sexual na cena.

Esqueça a ideia de que a mulher vai passar horas fazendo sexo oral no cara sem receber nenhum estímulo em troca, ou que ela está sempre pronta para o sexo anal — sem uma gota de lubrificante e nenhuma premilinar antes. Muito pelo contrário, você vai encontrar muitos minutos de sexo oral em vulvas, feitos com muita vontade, atenção e sem pressa, do jeitinho que deveria ser: sem aquelas cenas de homens balançando a cabeça freneticamente lá embaixo, como se aquilo fosse realmente prazeroso para alguém.

As mulheres assumem posições mais dominantes e não se limitam ao lugar comum do papel de submissa no sexo. A câmera não foca apenas na penetração em closes quase ginecológicos. Outros ângulos são explorados para capturar o ato por inteiro — não só o que acontece entre as pernas, mas o que revela os olhares, o toque e a respiração, por exemplo.

“Nos meus filmes, o foco está na excitação feminina e no prazer [...] eu uso um monte de elementos atmosféricos, como os personagens e situações complexas, cinematografia, iluminação, boa música — para melhorar a fantasia”, comentou a diretora Erika Lust em uma entrevista à Marie Claire em 2012.

Para ajudar a construir seus filmes eróticos, Lust não se baseia apenas na própria vivência sexual como mulher — ela também recebe relatos anônimos enviados pelo público, que transforma em curtas-metragens mensais. Ao filmar os desejos reais das pessoas, ela aprofunda ainda mais o contraste com o pornô tradicional e oferece uma visão mais próxima do que as pessoas gostariam de assistir para se excitar.

Produções mais seguras

As diferenças também estão nos bastidores da produção dos filmes. O ambiente de trabalho da indústria pornô tradicional passa longe do tesão que é mostrado nas telas. De acordo com vários relatos divulgados nos últimos anos, os atores e atrizes muitas vezes precisam gravar cenas de sexo (algumas bem degradantes) até a exaustão e são submetidos à violências (como abusos físicos e sexuais ou coerção para fazer algo que não querem) durante as cenas. Em muitos casos, recorrem (ou são obrigadas) ao uso de substâncias para aguentar as várias horas de gravações sem perder a performance.

Com frequência, surgem notícias de atrizes pornô que tiram a própria vida por não conseguirem lidar com os impactos da indústria. Alguns casos recentes foram os de Thaina Fields, encontrada morta em sua casa em janeiro de 2024, e de Kagney Linn Karter, que cometeu suicídio um mês depois. As duas tentavam se desvencilhar da pornografia após vivenciarem episódios traumáticos ao longo de suas carreiras.

Esses casos sempre reabrem a discussão sobre a precariedade das condições de trabalho de quem atua nessa indústria e torna explícita como a falta de respeito aos limites e a ausência de protocolos de segurança dentro dos sets afeta profundamente a saúde física e mental de quem trabalha nela.

No pornô feminista, as equipes são, em sua grande maioria, compostas por produtoras que contam com mulheres e pessoas queer — tanto na criação dos roteiros e direção quanto na operando das câmeras. Isso por si só já consegue proporcionar um ambiente mais seguro para os atores e atrizes que estão em cena. O consentimento é praticado antes e durante as cenas, a comunicação é clara e o prazer das atrizes também é levado em consideração.

“Tanto meus sets quanto meus escritórios são compostos por 80% de mulheres e de pessoas LGBTQ+ porque quero que o olhar feminino e queer seja a norma, e não mais uma exceção”, revelou Lust numa entrevista à Revista Gama em 2022.

A atriz e produtora Dread Hot, criadora da Fever Films, contou numa entrevista ao Gshow em maio deste ano sobre a preocupação com a saúde dos atores que trabalham nas suas produções. “Somos contra o uso de qualquer tipo de substância [durante as gravações dos filmes], inclusive está em contrato. Queremos diálogo, responsabilidade coletiva. Injeções, por exemplo, são 100% proibidas nos nossos sets”, afirmou.

O resultado disso é uma produção mais humanizada e diversa que ajuda a romper vários padrões impostos pela indústria pornográfica tradicional.

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