
Sete dias. Uma semana. O mesmo time que venceu o líder Goiás, colocou técnico e quatro jogadores na seleção da rodada, agora virou alvo de críticas pesadas por conta de uma derrota fora de casa.
Vamos aos fatos, deixando o senso comum de lado.
Sem Danielzinho, Barroca optou por não mexer no modelo tático: manteve a base, adiantou Meritão para o vértice esquerdo e escalou Fernando Henrique como primeiro volante. A estrutura? A mesma. A postura? Também.
O jogo começou com um cenário atípico: público de apenas 300 pessoas, num ambiente onde dava pra ouvir claramente as instruções dos treinadores. Zero pressão externa.
O CRB entrou discutindo o jogo, com boa imposição territorial. E foi justamente numa jogada característica do “Barroquismo” – o ataque direto nas costas da última linha – que o time conseguiu sua primeira grande ação. Henri lançou, Douglas Baggio atacou o espaço com velocidade e foi derrubado por Gustavo Medina, o último defensor da Ferroviária. Expulsão correta. O Galo, aos 34 minutos, conquistava a tão sonhada superioridade numérica.
E aí... o imponderável.
Logo após a expulsão, a Ferroviária teve uma falta da intermediária ofensiva, daquelas que se tenta cem vezes pra acertar uma. Netinho foi lá, soltou um chute indefensável. Uma obra de arte que colocou o time paulista em vantagem e mudou completamente o roteiro do jogo: CRB com um a mais, mas atrás no placar. Ataque do Galo contra defesa da Ferroviária. E muita gente atrás da linha da bola.
No intervalo, Barroca mostrou leitura de contexto. Antecipando o vício da arbitragem brasileira – que adora compensar cartões depois de uma expulsão –, ele trocou os jogadores pendurados e mudou a formatação: Meritão voltou pra base do triângulo, Giovanni e Gegê assumiram a armação, e Pottker entrou pra dar mais agressividade ao ataque.

A Ferroviária? Se trancou. Bergantin recuou ainda mais suas linhas, deixando apenas Carlão na frente pra tentar o desafogo.
O CRB empilhou cruzamentos, acionou a área pesada – outra marca do modelo Barroca – e criou chances: Mikael parou em um milagre de Dênis Júnior, Léo Campos botou perigo em cruzamentos , Giovanni e Pottker também tiveram suas chances. No final, Henri virou centroavante no modo emergência. E por pouco Carlão não matou o jogo num contra-ataque.
O resultado confirmou a solidez defensiva da Ferroviária e expôs a dificuldade do CRB em furar retrancas mesmo com um a mais. Mas transformar esse jogo em símbolo de terra arrasada... é exagero puro.
A oscilação existe? Sim. Mas é da Série B. Semana passada era festa, hoje é crise? Que o torcedor cobre, faz parte. Mas que a análise seja com critério.
O sinal de alerta está aceso. Na Série B, quem demora a achar a regularidade… fica pra trás.
Destaque da partida: Dênis Júnior, goleiro da Ferroviária. Fez pelo menos três defesas de manual.