
Uma brasileira foi presa na manhã desta quarta (18/6), no centro de São Paulo, acusada de orquestrar o sequestro do ex-namorado, um cidadão chinês dono de lojas na 25 de Março. Além dela, outro homem que participou do crime foi preso. Mais quatro pessoas são investigadas, sendo três homens e uma mulher.
Segundo a polícia, a mulher cometeu o crime com a intenção de viver com o empresário, interessada no patrimônio dele.
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Sequestradores se passaram por policiais
Renata Costa e Silva, de 45 anos, contratou uma quadrilha de criminosos que se passaram por policiais civis. Os suspeitos entraram no apartamento da vítima, identificado como Tan da Man, de 39 anos, portando distintivos falsos e um suposto mandado de busca e apreensão. Uma mulher vestia jaleco branco, se passando por médica.
O grupo, que alegava estar procurando por Tan, vasculhou o imóvel. Do local, subtraíram objetos pessoais, joias, dinheiro, celulares e um notebook. Em seguida, informaram que levariam a vítima – que enfrenta sequelas de um AVC recente, como paralisia parcial e confusão mental – para realizar exames médicos.
Após retirarem o empresário do imóvel em uma cadeira de rodas, os suspeitos removeram o sistema de câmeras e arrancaram os equipamentos de vigilância do prédio. Eles não fizeram contato com familiares solicitando resgate pela libertação do refém.
Foi a primeira esposa de Tan, também chinesa, quem denunciou o sequestro à polícia, após comunicar o ocorrido a um advogado e descobrir que os supostos agentes não eram policiais.
A família registrou o caso no 3º Distrito Policial (DP), de Campos Elíseos, que acionou a 3ª Delegacia Antissequestro (DAS), responsável pelas prisões e pelo resgate da vítima. Segundo a corporação, diligências prosseguem para prender os demais autores do crime.
Tan da Man foi localizado no Hospital Municipal de Campo Limpo, na zona sul da capital paulista, onde permanece internado para tratamento médico.
Ex-namorada escreveu instruções para sequestradores
Renata escreveu à mão um conjunto de instruções para os sequestradores de Tan. “Lista – falar pra ele que foi eu que mandei (sic)”, diz o papel. Nas orientações, a mulher exigiu:
Filmar a situação em que ele foi encontrado.
Pegar receita, remédio e papéis do hospital.
Pegar as chaves do carro.
Pegar dinheiro, se tiver.
A sequestradora indicou ainda que os suspeitos “não deixem a mulher com o telefone”, possivelmente se referindo à primeira esposa do empresário, que cuida dele atualmente.
Por fim, a mulher pediu que “se der tempo, pegar fraldas e roupas”, além de “colocar o apoio dos pés da cadeira [de rodas]”.
Brigas entre a ex e a família
Renata vinha tendo conflitos com a família de Tan desde o final do ano passado, quando o empresário sofreu o AVC e “desapareceu”.
Ele teria ficado recluso em casa, sendo cuidado pela mãe e pela primeira esposa, ambas chinesas.
Por isso, ela registrou um boletim de ocorrência por desaparecimento, em novembro do ano passado.
Após descobrir sobre o AVC e a localização do então namorado, Renata registrou outro boletim de ocorrência, em março deste ano, dessa vez por maus-tratos.
No registro, ela anexou imagens do circuito de segurança do prédio em que o empresário vivia com a família para provar as supostas agressões que o homem sofria.
À época, a mulher também informou à polícia que estava tomando providências para solicitar a curatela de Tan, “pois acredita que essa seja a vontade dele”.
Vídeos feitos pela própria Renata e obtidos pela reportagem mostram a mulher discutindo com a primeira esposa e com a mãe de Tan. As cuidadoras falam em chinês com o empresário, que está debilitado em uma cadeira de rodas.
“Ele quer ir comigo. Isso é cárcere privado, gente”, disse Renata às mulheres. Em seguida, ela apresenta um papel à esposa do empresário, dizendo que tem uma intimação na Justiça para levar o homem embora. As duas discutem sobre quem é a mulher dele.
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