
Muita gente tem me perguntado: afinal, o que é o tal "Barroquismo"?
Vamos direto ao ponto: é um modelo de jogo baseado em intensidade, coletividade e um conceito claro de ocupação de espaço. Não tem mistério, mas tem muito trabalho e detalhe.

O primeiro grande impacto foi defensivo. Se com Louzer o CRB marcava em um tradicional 1-4-4-2, com Danielzinho e Anselmo Ramon à frente das duas linhas, a chegada de Barroca mudou o eixo para o 1-4-5-1.
Danielzinho passou a baixar mais e os extremos foram orientados a acompanhar até o final o lateral adversário. Resultado? Em muitos momentos o CRB se defende num desenho que parece um 1-6-3-1. Sim, seis na última linha. Se o adversário ataca só com um lateral, o extremo oposto fecha por dentro, criando uma linha de meio mais encorpada. Por consequência, Barroca já sabe que terá duas substituições quase automáticas todo jogo: Baggio e Thiaguinho.
Outro pilar do Barroquismo é a famosa regra do REC 5 (Recuperação em 5 segundos).
Perdeu a bola? Primeira reação: pressiona pra frente com tudo, tentando retomar a posse em até 5 segundos. Se não der, a orientação é clara: "corre pra trás". Passar da linha da bola com superioridade numérica sobre o adversário é o objetivo. Parece simples, mas exige sincronia, físico e leitura de jogo.
No momento ofensivo, Barroca tem uma obsessão: fugir do "gatilho de pressão" que todo adversário adora. Por isso, orienta os zagueiros a evitarem aquele passe previsível no lateral. A ideia é o famoso "salta um": sair da zaga direto pro extremo, pro meia ou pro atacante referência. Tudo pra quebrar linhas e fugir da armadilha da pressão alta.
Nas transições ofensivas, o CRB tem mostrado mais verticalidade.
Recuperou a bola? A ordem é clara: tirar do centro de jogo e atacar o lado oposto ao da recuperação. A equipe ainda precisa melhorar o aproveitamento dessas jogadas, mas o padrão está cada vez mais visível.
Outro detalhe que chama atenção: o preenchimento de área.
São comuns jogadas com 5 ou até 6 jogadores ocupando a grande área adversária. O centroavante, seja Herculano com sua velocidade atacando as costas da última linha, ou Mikael com sua presença física, é sempre o ponto de sustentação. Não por acaso, os defensores são orientados a direcionar as rebatidas sempre em busca desse "9".
No corredor central, a exigência é clara: jogo de dois toques. Domina, passa e movimenta. Sem firula. Sem tempo pra pensar demais.
Nas bolas paradas, Barroca é quase um mestre de cerimônia. A consistência defensiva já melhorou, e os gols de bola parada ofensiva são uma questão de tempo. Pode anotar.
E por fim... gestão de grupo. Barroca sempre blindou o elenco. Mesmo quando a carência por reforços era tema nas coletivas, o discurso era de valorização interna. Perguntado como faria pra gerir um setor com Gegê, Danielzinho e Giovanni (sabendo que só dois jogam), foi direto: "Muito simples: sendo transparente sobre os critérios da escalação".
O resultado é um CRB com cultura de jogo coletivo, forte emocionalmente e com jogadores se destacando individualmente dentro do sistema. Exemplo? Mateus Albino e Henri, dois que já estão no radar de clubes maiores.
