
Com crise de vesícula fui parar, alguns anos atrás, na emergência da Santa Casa de Maceió. Dipirona, tramal. Nada de passar a dor. De 0 a 10, quanto dói, me perguntou o médico. Não tive dúvidas: 10. Aí me deram morfina. A dor aliviou um pouco e começou a ceder com anti-inflamatório e antibiótico. Não sei se alguém já teve dor pior que essa (tomara que não seja o seu caso), mas tem uma tal de cefaleia em salvas que é considerada muito pior. A dor é mais intensa. Muito mais intensa. E o tratamento é complexo.
Lembrei um pouco das minhas dores quando vi o governador em exercício, Ronaldo Lessa, subir ao palco do evento que marcou as comemorações dos 40 anos da Secom, no Centro de Inovação de Jaraguá, na sexta-feira (09/05).
Lessa estava em meio ao tratamento de uma crise de cefaleia em salvas, mais uma que ele enfrentou ao londo dos últimos anos.
Apesar das dificuldades de lidar com a dor, Lessa fez questão de ir ao evento e de reafirmar seu compromisso com a democracia e com uma comunicação real, verdadeira, sem fake news e a serviço do cidadão.
A presença do governador em exercício não passou desapercebida. E não foi apenas pelo discurso progressista ou por ter, num momento de desabafo, falado das dificuldades que pacientes como ele enfrentam para tratar de uma doença rara e complexa – que talvez por isso não desperte os interesses dos grandes laboratórios.
A presença de Ronaldo Lessa foi reconhecida especialmente pelo que ele representa para a comunicação pública. Como prefeito de Maceió e, principalmente como governador de Alagoas por dois mandatos, Lessa valorizou os profissionais de comunicação, priorizou a Secom e, num compromisso com a verdade e a transparência, sempre tratou honestamente de todos os problemas que enfrentou nas suas gestões, revelando, por exemplo, dificuldades que enfrentava e enfrenta, caso da cefaleia – sem subterfúgios.
A presença dele engradeceu o evento. E todos reconhecem o seu esforço. “Foi um gesto de grandeza do governador Ronaldo Lessa”, resume o secretário Wendel Palhares.
Sim, foi um gesto de grandeza. Eu estive lá e vi tudo. Obrigado Ronaldo Lessa.
Entenda
A cefaleia em salvas, ou cefaleia em grupo, não tem cura, mas o tratamento visa reduzir a intensidade da dor, a duração das crises e, em alguns casos, prevenir a sua recorrência.
O que é a cefaleia em salvas?
A cefaleia em salvas é um tipo de dor de cabeça que se manifesta em grupos de ataques intensos e frequentes, geralmente com dor intensa em um olho ou ao redor dele, podendo também haver lacrimejamento, nariz entupido e corrimento no lado afetado. As crises são geralmente cíclicas, com períodos de ataques intensos seguidos de períodos de remissão.
Tratamento da cefaleia em salvas:
Tratamento agudo:
Para interromper as crises agudas, a oxigenoterapia com máscara (inalação de oxigênio puro) é uma das opções mais eficazes e recomendadas, assim como o uso de triptanos (medicamentos para enxaqueca) via injetável ou spray nasal.
Tratamento preventivo:
Para prevenir as crises, são utilizados medicamentos como o verapamil, bloqueadores de canais de cálcio, corticosteroides, lítio e outros, dependendo da resposta individual do paciente e do grau de gravidade da condição.
Outras abordagens:
Em alguns casos, podem ser considerados outros tratamentos, como a estimulação do nervo vago (que pode ser feita com dispositivos de estimulação), bloqueios nervosos (injetando anestésicos locais e corticoides no nervo occipital), ou, em situações mais raras, cirurgia.
Importante: O tratamento da cefaleia em salvas deve ser individualizado e orientado por um profissional de saúde, como um neurologista, pois a escolha das opções terapêuticas e as estratégias de prevenção dependem de cada caso.