
Há quatro décadas, Rosalvo Acioli trava uma batalha silenciosa, empunhando não uma espada, mas palavras. Em meio a prêmios, críticas elogiosas e uma carreira literária recheada, ele ainda mantém a mesma paixão que o impulsionou em 1984, quando lançou seu primeiro livro de poesias, ‘Sonhos Imaginários’. Agora, com o lançamento de ‘Arritmias’, seu mais recente trabalho, Acioli comemora 40 anos de dedicação às letras, uma trajetória marcada pela resistência e uma busca incansável pela inovação e união no segmento.
“Após dez anos sem publicar um livro de poemas, retorno ao gênero com ‘Arritmias’, celebrando essa longa caminhada na poesia”, conta Acioli. O livro, que será lançado em uma tarde-noite de autógrafos no Café do Porto, em Maceió, no dia 15 de outubro, das 17h às 20 horas, é um testemunho dessa trajetória.
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Em ‘Arritmias’, o poeta reúne uma seleção de poemas amorosos, filosóficos e sociais, divididos em duas partes: “De Cor”, dedicada aos temas amorosos, e “Partilhas”, que aborda questões sociais. “Essas duas suítes se coadunam em uma vertente filosófica, reflexo de minha jornada literária”, explica. Ao lado de ‘Arritmias’, a segunda edição de ‘Maceió – Herança das Águas’ também estará disponível no evento, ampliando o acesso do público ao legado literário do autor.
Rosalvo Acioli é uma figura que se destaca pela profundidade de sua obra e pelo impacto que causou na literatura local na sua estreia. Em 1985, seu livro ‘Sonhos Imaginários’ foi indicado ao Prêmio Jabuti e ao prêmio da Academia Brasileira de Letras, reconhecimento que se repetiu ao longo dos anos com outros títulos. “Sua poesia é de uma complexidade tornada fluida, uma sabedoria que disfarça a elaboração em versos que parecem espontâneos, mas são profundamente refletidos”, afirmou o renomado crítico literário Antonio Candido.

A longevidade de Acioli na poesia é celebrada por seus contemporâneos e críticos. O ensaísta Márcio Catunda, por exemplo, destacou a dimensão existencial presente nos versos do autor, comparando sua sensibilidade à de Manuel Bandeira. Para Lêdo Ivo, o poeta consegue capturar em suas linhas a essência de Maceió, oferecendo uma travessia singular pelas imagens da cidade.
“Graças a Rosalvo Acioli Júnior e a sua poesia, acabo de visitar e revisitar Maceió, reencontrando aquelas imagens seminais que tanto se entranharam em mim. E é uma travessia singular ver essas iluminuras pelos olhos de um outro poeta da mesma raiz, e ouvir os seus rumores quando captados por uma outra ‘estação’... Espero que esses fragmentos luminosos que são o seu Maceió tenham a merecida acolhida, neste tempo de best-sellers estrepitosos”, afirmou o lendário contista, cronista e poeta alagoano.
Apesar de tantas conquistas, Rosalvo se man

tém avesso à publicidade. “Sempre me mantive reservado, nunca tive o desespero de ser reconhecido”, confessa. Para ele, o reconhecimento é uma consequência natural do trabalho, algo que surge com o tempo e com a leitura atenta dos críticos e do público especializado. O que vem ocorrendo ao longo de sua frutífera trajetória.
A exemplo de Ferreira Gullar, ao afirmar que “Rosalvo Acioli Júnior é poeta de verdade”. Ou João Cabral de Melo Neto, que reflete: “Rosalvo Acioli Júnior traz a tradição de poeta inovador, de quem tanto espera a literatura do Nordeste (a brasileira não me interessa)”.
Como uma espécie de Dom Quixote da literatura alagoana, Rosalvo Acioli não desistiu de seus ideais, mesmo quando a literatura parecia um campo de batalha árido. Aos 40 anos de carreira, ele continua criando, com projetos futuros já em mente, incluindo um novo livro de poesia, ‘Antimemórias’.