
Nos últimos dias, uma notícia abalou o esporte brasileiro e mundial: a morte do zagueiro uruguaio Juan Izquierdo, 27 anos, que teve um mal súbito, no 2º tempo do jogo São Paulo x Nacional (Uruguai), pela Libertadores, na quinta-feira (22), no Morumbis, em São Paulo. O jogador desmaiou em campo e foi levado de ambulância ao hospital, onde ficou na UTI.
Por vários dias, Izquierdo ficou sedado, em ventilação mecânica e sob cuidados intensivos neurológicos, mas sem apresentar nenhuma melhora. Com isso, Izquierdo não resistiu e veio a falecer, vítima de morte cerebral. Conforme boletim do hospital, o atleta faleceu em decorrência de morte encefálica, após uma parada cardiorrespiratória associada à arritmia cardíaca.
Leia também
Em Alagoas, o triatleta alagoano Pedro Reis, de 36 anos, sofreu um infarto em sua última competição de triatlo, realizada em dezembro de 2023, em Maceió, e, diferentemente de Izquierdo, pode-se dizer que nasceu de novo. Atualmente Pedro encontra-se bem, na parte física, está reabilitado. No entanto, o triatleta ainda está em fase de reabilitação neurológica.
Na época do trágico acontecimento, a família do triatleta realizou uma “Vaquinha” para arrecadar R$ 90 mil, a fim de custear as despesas da reabilitação de Pedro Reis, que teve uma parada cardíaca durante a prova. Segundo familiares, os médicos que fizeram o socorro dele na ambulância estimaram de quatro a cinco paradas cardíacas até a chegada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jaraguá. De lá, ele foi transferido para a Santa Casa de Maceió, onde ficou na UTI por vários dias. Após um mês internado, Pedro recebeu alta médica, mas ainda segue mantendo o tratamento, com boa evolução.
Diante disso, vale reafirmar que Pedro renasceu e hoje está aí para contar história e alegar familiares e amigos. O alagoano é professor de Educação Física e tem alguns títulos conquistados como: campeão da 1ª Etapa Oxe Triatlo 2020, campeão alagoano de Triathlon em 2017. Também foi finalista no ITU World Triathlon. “Só estou vivo porque foi Deus quem quis. Eu sou um milagre! Os médicos achavam que eu não ia sobreviver, cheguei na UPA sem pulso”, destacou o triatleta, em contato com a Gazetaweb.

“O Pedro faz atualmente sessões de Neuromodulação. Ele também está sendo acompanhado por uma Neuropsicóloga. Sem sombra de dúvidas, ele recebeu uma nova oportunidade de vida e nós pretendemos, através da história dele, mostrar o quanto Deus fez e continua fazendo milagres”, disse Aryellen Amorim, esposa de Pedro e também professora de Educação Física, em entrevista à Gazetaweb. Os dois estão casados há oito anos, mas vão fazer 14 anos, em dezembro, que estão juntos. Ambos têm uma filha de oito anos.
“Ele também faz acompanhamento com um cardiologista, para verificar sua evolução nos treinos. Hoje ele está apenas correndo e fazendo musculação. Mas, logo, logo pretendo colocá-lo para pedalar e nadar”, acrescentou Aryellen. “Agradeço a Deus diariamente pelo sustento, porque não foi fácil não tem sido fácil passar por essa fase, mas Deus tem sido fiel diariamente comigo e com a minha família”, destacou.
O cardiologista em questão é Eliel Bezerra. Em contato com a reportagem, o médico explicou a situação de seu paciente. “No caso de Pedro, ele sofreu um infarto agudo do miocárdio por trombose, durante uma competição, seguido de morte súbita abortada, após várias paradas cardíacas. O processo de reabilitação cardiorrespiratória foi de suma importância. Iniciei o acompanhamento de Pedro logo após o início da reabilitação cardiorrespiratória. Desde então, observamos uma recuperação cardiovascular notável. Os resultados dos exames cardiológicos são extremamente satisfatórios, refletindo a resiliência e a dedicação do paciente ao longo de sua recuperação”, disse.
Segundo o doutor Eliel, atualmente Pedro está liberado para fazer exercícios físicos, mas permanece sob vigilância rigorosa, realizando exames seriados e mantendo uma limitação da frequência cardíaca durante os treinos. “É importante ressaltar que, até o momento, não há evidências científicas que justifiquem a proibição do retorno de Pedro às atividades físicas, desde que seguidos os devidos cuidados e limitações previamente estabelecidas”, observou.
Ele disse, ainda, que este caso reforça a importância da reabilitação adequada e da individualização dos cuidados em pacientes cardiológicos. "Especialmente aqueles com histórico de eventos cardíacos graves, como no caso de Pedro”, encerrou.

Segundo Aryellen, o marido não fazia exercício físico de forma exagerada. “Ele é triatleta, estava no esporte há oito anos. Então, assim, era uma rotina de treinos, mas era uma rotina de treino planejada, não era uma coisa que ele fazia da cabeça dele, por conta própria. A gente é formado em Educação Física e ele sabia daquilo que estava fazendo. Aconteceu, né, e ninguém está livre disso”.
Mas ela faz um alerta: “As pessoas têm que ter o cuidado de fazer exames periódicos, de saber se têm alguma comorbidade física, antes de ingressar em qualquer atividade. O Pedro tinha exames regulares, tinha exames cardiológicos, acompanhamento cardiológico. Mas aí aconteceu, porque a gente não está livre de acontecer nada. Os exames são uma prevenção, mas não quer dizer que vão ser um fator que impeça de acontecer algum problema”.