
A quadrilha Amanhecer no Sertão foi novamente a grande campeã da final do concurso de quadrilhas juninas Forró & Folia, promovido pela Organização Arnon de Mello, que ocorreu na noite desta terça-feira (18), no Ginásio do Sesi, na Cambona. Esta é a 4ª vez que a equipe ganha a competição alagoana. Ela se apresentou com o tema: “Broduei: a Esquina do Mundo também é aqui”.
Em terceiro lugar ficou Sanfona do Rei, com 149,4 pontos. As quadrilhas Luar do Sertão e Amanhecer no Sertão empataram com 149,6 pontos. O desempate ocorreu no critério de coreografia, conforme o regulamento, e a Amanhecer no Sertão acabou ficando na 1ª posição. Em quarto lugar ficou a Show Nordestino e em quinto a Canarraiá.
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Os cinco grupos finalistas levaram brilho, música, dança e muita paixão pela tradição tipicamente nordestina: os festejos juninos.
A Amanhecer no Sertão vai representar Alagoas no Festival de Quadrilhas do Nordeste, em Recife, que acontece no dia 22 de junho. Para chegar à campeã do concurso em Alagoas, os jurados analisaram os critérios: originalidade, coreografia, figurino, marcador, e casamento matuto.
A torcida vibrou com o resultado do concurso.

O concurso conta com a parceria da Liga de Quadrilhas Juninas de Alagoas. A competição começou no dia 11 de junho, em Paripueira, onde se apresentaram 17 equipes. A abertura desta terça ficou com a quadrilha convidada Dona do Carmo, de São Luís do Quitunde, que tem três anos de existência, iniciando a trajetória partir de um projeto escolar da Secretaria de Educação.
Confira como foram as apresentações

A primeira concorrente a se apresentar foi a Canarraiá, originária e patrimônio imaterial e cultural de Arapiraca. Criada em 1985 como uma quadrilha matuta, com o passar do tempo, o grupo foi estilizado. Ela levou para o público deste ano o tema "Candeia: a luz que me guia é a luz que me alumeia". Antônio, o homem que nasceu diante de promessas direcionadas à Nossa Senhora das Candeias, foi o personagem central da história.

Antônio perdeu a visão, mas a sua vida passou a ser iluminada pela fé. A história de amor entra na Canarraiá, com a presença de Maria, a mulher pelo qual Antônio se apaixonou. É com ela que ele desejou se casar e confiou no milagre para voltar a enxergar. Antônio guia o povo com sua fé, tem o encontro com os arcanjos de luz e no Santuário das Candeias vê o milagre acontecer. No figurino o azul-celeste e a imagem de Nossa Senhora das Candeias.

Wellington Magalhães, presidente da Canarraiá, avalia que o sentimento da noite é de gratidão. “Sentimento é de gratidão do trabalho que a gente já vem fazendo. A gente quis transmitir mensagem de fé especial para todos aqui. A gente é uma pequena luz, na dimensão desse universo e que esse brilho da nossa luz possa ser intenso na vida de outras pessoas”, expõe.
Show Nordestino

A segunda apresentação da noite ficou por conta da quadrilha Show Nordestino, de Marechal Deodoro, Região Metropolitana de Maceió. A equipe levou o tema “Banditismo”. O amor entre Açucena e Antônio foi o protagonista do enredo, caracterizando o cangaço, já que o casal vê o destino dele sendo entrelaçado com a chegada de Lampião e seu bando.

Açucena e Antônio são testados a todo o momento, entre danças, batalhas, encontros inesperados e a lealdade sendo desafiada. Mas no final a união do casal é celebrada com muita festa entre os cangaceiros.

O marcador e vice-presidente da quadrilha Show Nordestino, Mário Bastos, conta que o grupo se preparou desde outubro com coreografia e figurinos para chegar preparado no concurso Forró & Folia. “É muito trabalho, mas o bom é isso, o gosto após cada apresentação e a satisfação de falar de uma coisa que é nossa, do nosso Nordeste”, conta e complementa:

“É um tema muito regional do nosso Nordeste. Falamos do banditismo. É uma história de força, coragem e amor. Retratamos a vida de Lampião, Maria Bonita, daquela época da volante", afirma.
Sanfona do Rei

A Sanfona do Rei foi a segunda quadrilha a mostrar o enredo, coreografia e toda arte criada para encantar o público no Ginásio do Sesi. Da cidade de Atalaia, a Sanfona do Rei levou o tema “Viramar: eu sou marinheiro neste São João”. A protagonista dessa história foi a sanfona de ouro de Luiz Gonzaga. Tudo começa quando o instrumento se perde em alto-mar. O sertanejo João toma para si a missão de encontrar a sanfona.

Durante a missão, João se encontra com Antônio Conselheiro, enfrenta a profecia de que o Sertão vai virar mar, duela com o bando de Lampião, apaixona-se por uma sereia e ainda enfrenta um dragão no mar. A quadrilha Sanfona do Rei também homenageou o Rei do Baião.

O presidente e noivo da Sanfona do Rei, Max Medeiros, fala sobre os desafios, mas também a alegria de fazer parte desse momento. “É gratificante por fazer a cultura que a gente gosta, que quando entra no palhoção, a gente fica realizado. Gosto de representar a minha cidade, que sempre nos ajuda. É um desafio grande e gostoso”, conta. Ele destaca o elemento do dragão levado para o ginásio.

“O dragão foi muito esperado pelo estado de Alagoas. A gente nunca pensou em fazer um dragão daquele e funcionar e graças a Deus deu certo”, considera.
Luar do Sertão

A Luar do Sertão, que tem 40 anos de existência, apresentou-se na sequência, contando a história “A folia do Divino”, sobre duas crianças que se conhecem na Festa do Padroeiro. A abertura do enredo levou o Baile dos Mascarados, representando o desfile nas ruas como símbolo de purificação.

Os dançarinos encerraram a apresentação ao som da cultura popular alagoana e uma enorme pomba surgindo para simbolizar o divino. A quadrilha promoveu acessibilidade com um intérprete de Libras para traduzir o enredo ao público com deficiência auditiva.

O diretor de marketing e noivo da quadrilha, Deusdedith Júnior, relatou que o enredo apresentado nesta terça foi o escolhido em meio a três projetos apresentados pelo produtor da Luar do Sertão. “Quando ele apresentou esse, a gente não quis nem ouvir os outros porque a gente viu que ele reuniu tudo o que a gente gosta: fé e festa”, expõe Júnior.

Para ele, chegar à final do Forró & Folia é o sonho de todas as quadrilhas de Alagoas. “O fato de descentralizar esse ano deu a oportunidade de quadrilhas do interior, do Sertão em alcançar esse sonho. Os quadrilheiros têm o sonho de pisar aqui. Já somos 10 vezes campões do Forró & Folia porque a Luar tem 40 anos de existência. Então o trabalho é árduo e toda vez pisar no chão aqui dá ansiedade e frio na barriga”, afirma.
Amanhecer no Sertão

Com o tema “Broduei: a Esquina do Mundo também é aqui”, a quadrilha Amanhecer no Sertão – campeã de Alagoas em 2023 – contou a história de Americson. Ele viveu desde criança nos Estados Unidos, mas chegou ao Nordeste e se apaixonou por Maria Estrela, que apresenta a ele a cultura brasileira.

A quadrilha, que é do Benedito Bentes, de Maceió, fez uma viagem por vários ritmos brasileiros passando pelo frevo, coco de roda, xaxado e o carnaval. Também homenageou Carmem Miranda com muito brilho e luxo nos figurinos.

O marcador da Amanhecer no Sertão, Paulinho, contou que o enredo teve o objetivo de destacar os espetáculos brasileiros por meio das tradições nacionais.

“Graças a Deus fizemos um belíssimo espetáculo, trouxemos a 'broduei' brasileira, fazendo referência a broadway americana, tida como a esquina do mundo. A nossa junina veio mostrar que aqui no Brasil também temos a esquina do mundo. Em cada esquina no nosso Brasil tem espetáculos diferentes. E é isso que viemos mostrar, através do frevo, do xaxado, do xote, do coco de roda, do forró. Tudo isso faz parte da 'broduei' brasileira que não deixa a desejar com a broadway americana em nada”, expressa o marcador.