Encontrei-me numa reunião social com um caro amigo dos tempos da minha adolescência. Nossa amizade sempre foi muito grande. Fiquei muito triste naquela noite porque ele demonstrou imensa dificuldade em me reconhecer. Sua dedicada esposa contou-me que ele está com a Doença de Alzheimer. Trata-se de uma doença degenerativa que afeta atualmente quase 2 milhões de brasileiros. No mundo, mais de 10 milhões de pessoas sofrem dessa doença, um tipo de demência cuja causa ainda é desconhecida pela ciência em seus pormenores. Esta doença se caracteriza pela perda progressiva das funções intelectuais, ocasionada por um lento processo degenerativo das células cerebrais, como descobriu, em 1907, o médico Alois Alzheimer. Os sintomas desse processo degenerativo são a perda da memória, principalmente com fatos ligados a acontecimentos mais recentes como datas, festas, recados, etc. Há um verdadeiro desencontro no tempo e no espaço. Outra coisa: o doente muda de humor, fica depressivo cada vez mais com o passar do tempo. E precisa por esse motivo de alguém que cuide dele com toda paciência e carinho. Na longa fase intermediaria da doença, o paciente apresenta inercia, se exprime lentamente e termina repetitivo, não sendo capaz de executar trabalhos corriqueiros como lavar as mãos, trocar de roupa, etc..
O tratamento é longo dessa doença exigindo do competente profissional que o acompanha a orientação necessária para o uso de drogas que podem ajudar no desequilíbrio químico do cérebro.
É bom destacar que a perda da memória frequente no idoso não é sinal da Doença de Alzheimer, desde que ele continue simpático, alegre, brincalhão e participando de tudo.
Portanto, nós setentões e oitentões que estamos bem de saúde, devemos praticar ser felizes em cada situação e em cada momento da vida, a todo instante, independentemente das emoções boas ou ruins que nos afligem. Tudo o que existe nesta vida muda constantemente. Aproveite, assim, meu caro leitor, idoso ou não, o momento de agora. A vida é curta. Sempre perdemos quando deixamos de lado as coisas essenciais e deixarmos para depois. Como diz a música de Lulu Santos: “Nada do que foi será/De novo do jeito que já foi um dia/Tudo passa/Tudo sempre passará/A vida vem como ondas/Como o mar/Num indo e vindo infinito”.
Voltaire já dizia que os sonhos e as esperança nos foram dados como compreensão às dificuldades da vida. Mas precisamos compreender que sonhos não são desejos superficiais. Sonhos são bússolas do coração, são projetos de vida. Sonhos resistem às mais altas temperaturas dos problemas, renovam a esperança quando o mundo desaba sobre nós. Meu caro amigo, nunca perca a esperança. Que seus caminhos, suas estradas sejam sempre cheios de muita luz, sempre ao lado do Senhor Jesus.
Milton Hênio Netto de Gouveia
Nascido na cidade de Maceió, em 06 de maio de 1937, filho de Antônio Calmon de Gouvêa e Heloísa Corália Netto de Gouvêa, casado com Myrza Melro de Gouveia, com quem formou uma linda e maravilhosa família composta de 04 filhos, 10 netos e 07 bisnetos. Realizou os cursos primário, ginasial e científico no colégio Guido de Fontgalland, no período de 1943 à 1955. E formou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas em 1962. Manteve seu consultório no Parque Gonçalves Lêdo 115 Farol, onde exerceu a Medicina por 58 anos. Teve, entre alguns títulos alcançados durante seus 60 anos no exercício da Medicina, os seguintes: - Membro emérito da Academia Brasileira de Pediatria; - Foi presidente Nacional da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Fundador e presidente da Academia Alagoana de Medicina, onde hoje é membro de honra vitalício da mesma; - Membro da Associação Médica Brasileira - Membro emérito da Sociedade Brasileira de Pediatria - Membro da Academia Americana de Pediatria - Membro titular da Academia Alagoana de Letras, onde foi presidente no período de 4 anos - Embaixador do Projeto Trata Brasil da Brasken, por 11 anos - Membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello - Membro Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.