
O basquete feminino brasileiro não se classificou para as Olimpíadas de Paris 2024, mas há luz no fim do túnel. Uma luz emitida por Kamilla Cardoso, estrela de 22 anos que aponta para uma chance de resgate de um pouco do brilho que o Brasil já apresentou em quadra num passado não muito distante, quando Hortência, Magic Paula, Janeth e Marta encantavam fãs de todo o mundo.
A pivô mineira de longos cabelos vermelhos tem mostrado um basquete imenso como ela. Do alto de seus 2,01m, Kamilla foi o pilar do time da Universidade da Carolina do Sul, o South Carolina Gamecocks, na conquista do título da NCAA, o principal do basquete universitário americano, com uma vitória sobre o Iowa Hawkeyes por 87 a 75 neste domingo (07). E isso com direito a incríveis 17 rebotes de Kamilla, que ainda fez 15 pontos e três bloqueios mesmo jogando com uma lesão no joelho.
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- Kamilla Cardoso dominou todo o torneio, e esta foi sua melhor sequência terminando com 15 pontos, 17 rebotes e três bloqueios na vitória de hoje - escreveu um dos maiores jogadores de basquetes de todos os tempos, o ícone Earvin Magic Johnson, no X (antigo Twitter).
Kamilla Cardoso was dominate all tournament, and this was her best stretch yet finishing with 15 points, 17 rebounds and 3 blocks in today’s victory. The freshman showed great composure and also had a big impact on the game! Milaysia Fuiwiley was making passes and plays all game…
— Earvin Magic Johnson (@MagicJohnson) April 7, 2024
Kamilla é, agora, bicampeã da NCAA depois de dominar a temporada toda embaixo do garrafão com um misto de força, velocidade e leveza. Da primeira vez, em 2022, aos 20 anos, era reserva e ganhou o prêmio de melhor sexta jogadora da Conferência Sudeste.
Agora, titular, já foi escolhida jogadora de defesa do ano pela Associação de Técnicos de Basquete Feminino dos EUA e pela Conferência Sudeste, sendo um dos pilares do time da Carolina do Sul, que venceu todas as 34 partidas que jogou na temporada. Na seleção brasileira, já ostenta um ouro pelo Campeonato Sul-Americano de Basquete da Argentina 2022 e outro pela AmeriCup do México em 2023, além de um bronze na AmeriCup de Porto Rico em 2021.
Nascida em Montes Claros (MG), Kamilla mostrou enorme vontade de vencer no esporte ao se mudar para o Tennessee com apenas 14 anos, sem falar inglês, deixando a família no Brasil. Foi jogar no High School, o Ensino Médio americano, já sonhando com o basquete universitário e com a WNBA.
- Deixei a minha família, a minha mãe e a minha irmã, e isso foi muito difícil. Foi uma decisão que tomei para seguir meu sonho de jogar basquete nos Estados Unidos e eventualmente chegar à WNBA - contou em entrevista ao The Athletic, completando: - Sou muito grata pela oportunidade de jogar na Carolina do Sul e representar o meu país na NCAA. Significa muito e faz parecer que todo o sacrifício não foi em vão.

Em entrevistas, Kamilla agradece à mãe, Janete Soares, e à irmã mais velha, Jessica Silva, pela coragem de deixar aquela adolescente voar para longe. Os agradecimentos se estendem a Keisha Hunt, técnica da escola onde estudou, a Hamilton Heights Christian Academy, em Chattanooga, que a acolheu, e às companheiras de equipe, que chegaram a aprender os nomes de jogadas em português para ajudá-la. Com a ajuda do google tradutor e dessa convivência, aprendeu inglês. Com muito treino e dedicação, evoluiu tanto que já é dado como certo que será uma das cinco primeiras escolhas do próximo draft para a WNBA, que acontece em 15 de abril.
Sob o comando da técnica Dawn Staley, ela própria uma ex-estrela da WNBA, Kamilla lidera a Carolina do Sul em diversas estatísticas:
Pontuação, com média de 14,1 pontos por partida;
Rebotes, com média de 9,4 por jogo;
Bloqueios, com 2,5 por partida;
Arremessos, com 59% de acertos.