Em cinco anos – entre novembro de 2019 e novembro de 2023 –, o preço do metro quadrado residencial vendido em Maceió aumentou 74,6%, de acordo com o índice FipeZap, que monitora o custo de venda de imóveis em 50 cidades brasileiras. O valor saltou de R$ 4.696 para R$ 8.200.
Nesse mesmo período, 14,4 mil imóveis precisaram ser desocupados em Maceió por estarem em bairros que sofrem com afundamento de solo causado pela exploração de Salgema feita pela petroquímica Braskem. E a tendência é que o montante aumente ainda mais, bem como o número de imóveis a serem desocupados em Maceió.
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Quem garante a alta no valor dos imóveis é o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado de Alagoas (Ademi-AL), Marcelo Saldanha. Ela conta que o setor teve mais de 14% de valorização nos últimos doze meses. Na verdade, a alta é ainda maior.
Segundo o índice FipeZap, o aumento no preços dos imóveis em Maceió chega a 16,9% nos últimos doze meses e 15,4% em 2023. Em ambos os casos a capital alagoana lidera o ranking nacional de altas, com os maiores percentuais do Brasil.
De acordo com relatório mais recente da FipeZap, o preço do metro quadrado em Maceió é o 12° mais caro do Brasil, e desbanca cidades vizinhas, como Recife, Salvador e Fortaleza. É mais caro ainda que Caxias do Sul, Pelotas e Novo Hamburgo, no Sul do Brasil.
Em 2019, quando começou a desocupação dos imóveis dos bairros afetados pelo afundamento do solo, o metro quadrado de Maceió era o 28° mais caro do País, inclusive bem mais barato que o das capitais vizinhas que hoje foram ultrapassadas.
De acordo com o presidente da Ademi, quando a realocação das famílias dos bairros afetados pelo afundamento do solo começou, o mercado imobiliário tinha estoque de imóveis prontos e em construção.
“Esses imóveis foram vendidos e hoje praticamente não temos estoque de imóveis prontos. Bairros próximos à área afetada, como Gruta, Pitanguinha e Farol, mesmo fora da área de segurança, não apresentaram lançamentos imobiliários após o incidente”, conta Marcelo Saldanha.
Ele explica que grande parte dos moradores seguiram para parte alta, no Benedito Bentes, outros pro litoral, com preferência para a Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca, e uma parte dessa demanda saiu para cidades vizinhas, como Marechal Deodoro e Rio Largo.
“Esse movimento provocou um êxodo populacional saindo da cidade de Maceió e impactando esses municípios com aumento da população”, destaca.
Os dados mostram que os bairros com metro quadrado mais caro em Maceió são Pajuçara (R$ 9.652), Jatiúca (R$ 9.223) e Ponta Verde (R$ 9.154).
No Brasil, o preço médio de venda de imóveis residenciais subiu 5,14% nos últimos 12 meses e, em novembro, mostrou uma variação de 0,37%. Com isso, em 2023 a alta acumulada é de 4,82% (entre janeiro e novembro).
A média do preço do metro quadrado residencial no país, considerando a base de dados dos anúncios de imóveis residenciais foi de R$ 8.697/m² para a venda em novembro de 2023.
O aumento nos imóveis residenciais em novembro foi observado em 45 das 50 cidades monitoradas pelo Índice.
Em relação ao tipo de imóvel, a alta mais expressiva aconteceu em imóveis com dois dormitórios — alta de 0,47% — enquanto a menor variação foi observada entre unidades com um dormitório — aumento de 0,21%.
Em relação às capitais, 15 das 16 que o Índice FipeZap de Venda Residencial analisa apresentaram variação positiva, com destaque para Campo Grande (2,02%); Goiânia (1,46%); Manaus (1,38%); e Maceió (+1,18%).
Salvador foi a única capital em que os preços recuaram 0,20% no período. Na avaliação de especialistas, o avanço dos preços de imóveis em um município está ligado ao desenvolvimento socioeconômico e à demanda por terrenos e moradias.