A crise que atinge o setor sucroalcooleiro de Alagoas começa dar sinais de agravamento. Em pleno começo de safra, a Usina Roçadinho, do grupo Mendo Sampaio, estaria demitindo trabalhadores.
A empresa que processou mais de 1,1 milhão de toneladas de cana na safra 2012/2013 teria demitido ontem, segundo informações que circulam em sites locais, cerca de 300 trabalhadores das áreas administrativa, industrial e mecanização.
Não existem informações oficiais, mas já se sabe que a indústria não deve operar nesta safra. E é provável que se isso ocorrer não opere também nas safras seguintes, sendo desativada a partir de agora, o que encerraria uma história de mais de 100 anos.
Se confirmada a paralisação da Usina, mais de 1,5 mil trabalhadores deixam de ser contratados para as atividades agrícolas durante a safra, principalmente o corte da cana.
A perda de empregos no setor sucroalcooleiro, na safra 2013/2014, podem chegar a 50 mil postos de trabalho diretos e indiretos, como o blog informou em texto publicado recentemente (http://wp.me/p2Awck-1bq).
A direção da empresa, a cargo dos irmãos Mendo e Ricardo Sampaio, não emitiu até agora nenhuma nota. O blog também tentou contato com a empresa e com os seus diretores, mas os telefones não atendem ou estão fora de área.
Existem ainda especulações não confirmadas de que a Roçadinho teria sido vendida, mas nem mesmo o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira tem essa informação.
Antônio Torres, dirigente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura em Alagoas, diz que as demissões ficaram restritas ao pessoal da indústria: “o pessoal de campo é o último a ser demitido, mas o que posso adiantar é que existem muito poucas pessoas trabalhando na área agrícola desde a safra passada”, aponta.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Açúcar e do Álcool, Jackson Lima Neto, diz que a situação na usina Roçadinho ainda pode ser revertida.
“Estive com diretores da usina ontem e eles estão tentando uma operação bancária para iniciar a moagem. Por enquanto o pessoal foi mandado para casa, mas os salários foram liberados nesta terça-feira. Nós esperamos que até a próxima sexta-feira a empresa consiga concluir essa operação e anunciar o início da moagem”, afirma Jackson.
Tamanho
A usina Roçadinho é considera uma indústria média, com capacidade para esmagar até 1,4 milhão de toneladas de cana por safra. Na safra passada a empresa esmagou 1,139 milhão de toneladas, sendo 849 mil toneladas de cana própria e 290 mil toneladas de fornecedores, com a produção 108 mil toneladas de açúcar e 20 milhões de litros de etanol.
Se a indústria não iniciar a moagem deve afetar diretamente o comércio em São Miguel dos Campos, onde está localizada. A moagem da cana provavelmente seria absorvida por outras unidades industriais próximas. Dado o volume de cana, a produção teria de ser redistribuída entre pelo menos três usinas.
Empresários da região de São Miguel dos Campos evitam falar sobre o tema. Entre técnicos, consultores e gestores do setor as informações são desencontradas e ainda estão em nível de especulação e de boatos.
História
Texto do site da empresa: Em 1901 inicia a moagem na Usina Roçadinho na cidade de Catende, interior de Pernambuco, contando com dois ternos de moendas e um esmagador de fabricação inglesa. Face às condições topográficas de suas terras no Estado de Pernambuco, onde não era possível o cultivo mecanizado e racional da cana-de-açúcar, a empresa iniciou em 1972 um projeto de relocalização e ampliação da usina em terras alagoanas.
A área escolhida foi localizada no município de São Miguel dos Campos, onde todas as condições eram favoráveis para o cultivo, com localização próxima a centros consumidores e a 50km do Porto de Maceió para escoamento da produção. Em 20 de março de 1975, a Usina fez sua primeira safra no Estado de Alagoas.