Brasília – Na postagem abaixo havia a duvida sobre quem é o culpado pelas cenas macabras na briga das torcidas do Vasco da Gama e do Atlético – PR. Agora não há.
Mas, ao contrário do que muitos podem pensar, eu não culpo apenas o coronel, embora ele tenha incorrido no erro grave de faltar com a verdade – quando disse que a ordem para a PM não entrar em campo foi do Ministério Público.
E o Ministério Público de Santana Catarina desmentiu.
Todos sabiam, e não apenas o coronel, que se tratava de um jogo complicado onde a rivalidade estava na arquibancada com as torcidas, e entre os cartolas que disputam o poder no Vasco da Gama.
O diretor do Atlético, Antônio Lopes, é uma invenção do Eurico Miranda, que é desafeto do Roberto Dinamite.
Todos sabiam de tudo e nada fizeram para prevenir. Felizmente ninguém morreu, mas me parece ter alguém ansioso por um cadáver para finalmente agir.
Eu defendo que a PM seja remunerada pela segurança nos estádios, mas alegar se tratar de um evento privado para não atuar é “omissão de socorro e negligência premeditada”.
O Shopping também é “um evento privado” e quer dizer então que a polícia não vai intervir lá em caso de necessidade, porque “é um evento privado”?
E no Comércio? Também não pode porque a Rua do Comércio é de "empreendimentos privados", logo, a segurança é da conta dos comerciantes. É assim?
Acho, defendo e até faço sugestão para a remuneração da PM mobilizada para esses “eventos privados”. Todos nós já pagamos a “taxa de embarque” em aeroporto e na rodoviária, então poder-se-ia criar a “taxa de segurança”.
Por que não? Eu defendo.
O valor seria embutido no preço do ingresso e quanto mais torcedor nos estádios, mais a PM ganharia. E sabe-se que, quanto maior for a segurança nos estádios, mais torcedor haverá – e isto viraria um ciclo vicioso positivo.
Mais torcedor, mais arrecadação, mais taxa de segurança, mais a PM ganharia seja no futebol ou qualquer outro evento.
Ocorre que, antes disso, é imperioso se consertar algumas coisas que influenciam negativamente para o êxito do projeto. É preciso entender – e alguns eu acho que esqueceram – que violência maior do que entre as torcidas na Inglaterra jamais houve.
Muitas mortes e foi tema de filme os embates entre os torcedores ingleses. E como se resolveu lá?
Com a lei, apenas com a lei.
Na Inglaterra, o torcedor flagrado brigando no estádio primeiro cumpre uma pena leve – que é se apresentar na delegacia no dia do jogo da sua equipe e lá ficar até otérmino da partida. Se não cumprir vai para o xadrez.
Eu fico imaginando aqui no Brasil, com essa lei. O cara iria se apresentar na delegacia, e a polícia estaria em greve.
Brasília – Sobre o lamentável episódio da briga entre as torcidas do Vasco e do Atlético Paranaense, o culpado se manifestou como réu confesso.
E quem é o culpado?
Pelo que o coronel comandante do batalhão de Joinville falou, o culpado é ele. O coronel repetiu várias vezes que “o evento é privado, logo, a segurança interna é particular”.
Fico de cá a pensar: será que a questão é dinheiro?
Disse o coronel que o Ministério Público de Joinville “foi provocado” e entrou com uma Ação Civil Pública para impedir que a PM realizasse a segurança interna no estádio porquanto o evento é privado – repetiu o coronel.
E quem foi que “provocou” o MP a tomar tal iniciativa? Será que foi o coronel?
Agora pensem: ninguém de sã consciência vai questionar a onipresença e a onisciência da polícia. Não se trata disso; nenhuma polícia no mundo vai saber onde o crime vai acontecer.
Porém, o jogo Vasco da Gama e Atlético Paranaense todos sabiam que seria um embate que iria mexer com os nervos; que iria agitar as emoções; que poderia gerar confrontos – e disto nenhuma autoridade pode alegar que não tinha conhecimento.
Um lutava para não cair e o outro lutava para subir. Já por aí, o bom senso aconselhava cautela; isolar uma torcida rival com uma corda é o mesmo que amarrar cachorro com linguiça.
E nesse particular, só por incompetência, por irresponsabilidade ou por negligência é que alguém poderia deixar de tomar as devidas precauções.
E como incompetência, irresponsabilidade ou negligência são faltas graves no serviço público – logo, o culpado de tudo é o coronel ou o Ministério Público?