O jovem de 21 anos que confessou ter assassinado a mulher trans alagoana, Anna Luiza Panteleão, disse à polícia que, após matar a vítima com um golpe de canivete no pescoço, a levou para um motel na cidade vizinha onde ocorreu o crime.
Segundo o delegado que investiga o caso, isso teria ocorrido para que ele enrolasse o corpo da trans, ainda sangrando, em um lençol. Em seguida, a vítima foi deixada às margens de uma rodovia, localizada em Pirapora do Bom Jesus, em São Paulo, nessa terça-feira (19).
Anna Luiza era natural de Pão de Açúcar, interior de Alagoas, onde a família dela ainda reside. Ela morava em São Paulo e estava desaparecida havia 15 dias. O suspeito, por sua vez, estava preso temporariamente havia cinco dias, quando, finalmente, confessou o crime e mostrou onde estava o corpo da vítima, já em avançado estado de decomposição.
De acordo com o delegado Marcelo do Prado, do 1º DP de Carapicuíba, a vítima e o suspeito não se conheciam até o dia do crime. Conforme depoimento, o suspeito disse que estava trabalhando como motorista por aplicativo, quando resolveu contratar os serviços de garotas de programa. No entanto, ele afirma que não sabia que se tratava de uma mulher trans. Ele alega legítima defesa.
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“Quando ele percebeu, desistiu do programa, e foi essa a revolta dela. Ela estaria alcoolizada, alterada, entrou em luta corporal com ele dentro do veículo e teria sacado da bolsa um canivete. E, nessa luta corporal, ele tomou o canivete e acabou dando um golpe no pescoço da vítima”.
Após o crime e com a vítima morta, ele se dirigiu ao município vizinho, onde foi até um motel.
“Ela morreu minutos depois de entrar no carro, ele parou numa rua escura, onde essas moças fazem programa. Lá, ele a matou, e, ao invés de procurar a polícia, ele se dirigiu para Santana de Parnaíba, município vizinho, entrou no motel com ela morta, para se apoderar de um cobertor e enrolar o corpo que ainda sangrava, de onde se dirigiu até Pirapora, onde deixou o corpo”, explica.
O suspeito foi preso e, nessa terça-feira, confessou o crime. Segundo a investigação, ele foi a última pessoa a estar com a vítima.
“Ele confessou o crime após cinco dias preso, em face de todas as evidências colhidas, câmeras de segurança, quebra de sigilo telefônico, que mostram que ele foi a última pessoa a ter um encontro com a vítima. Ela entrou no carro dele às 3h11 e, às 3h12, o celular dela não teve mais contato com outra pessoa”, afirma Prado.
Agora, a polícia investiga o crime de homicídio e aguarda o resultado pericial realizado no veículo do suspeito e na vítima para confirmar, dentre outras coisas, a causa da morte e, também, se houve ou não relação sexual entre vítima e suspeito, antes ou depois do assassinato.
“Vamos nos debruçar em cima do que nós temos. Algumas perícias feitas no veículo e digitais ainda vão chegar para fechar esse quebra-cabeça”, disse o delegado.
Revolta familiar
Conforme mostrado pela imprensa de São Paulo, a família de Anna Luisa esteve na delegacia que investiga o caso, onde encontrou o suspeito, gerando uma confusão no local.
Amigos e familiares lamentaram a morte da jovem. "Minha novinha. Tão meiga, sempre sorridente, eu não consigo acreditar que fizeram tamanha crueldade com você. Você sempre estará viva nas minhas lembranças e no meu coração", declarou uma amiga de Anna Luísa nas redes sociais.
O prefeito de Pão de Açúcar, Jorge Dantas, informou que a Secretaria de Assistência Social do município se colocou à disposição da família, que, agora, tenta realizar o traslado do corpo.
"Foi com profunda indignação e tristeza que recebi a notícia da morte da jovem Ana Luisa, vítima do ódio e preconceito. É um momento de luto para nossa cidade, e palavras não podem expressar a dor que sentimos diante de tamanha violência", afirmou o prefeito.