A calistenia é um método de treino que utiliza só o peso do corpo. A prática se popularizou nas periferias por não precisar de uma estrutura elaborada ou cara e, agora, se espalha por praças e parques das grandes cidades brasileiras.
O Globo Repórter desta sexta-feira (4) mergulhou na história da calistenia, movimento que está ganhando cada vez mais adeptos no Brasil.
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“A calistenia é qualquer tipo de exercício que utiliza o peso do corpo. Aí podemos ter várias frentes, desde o ‘street workout’, que é aquela calistenia mais ginástica, feita em praças, até exercícios mais simples, como flexão de braço e agachamento”, explica Cauê La Scala, doutor em Ciências da Saúde.
No bairro do Rocha, Zona Norte do Rio, por exemplo, a falta de estrutura para lazer fez com que vários jovens virassem adeptos da calistenia. Colchões velhos para amortecer quedas e algumas barras de ferro já são o suficiente para motivar os praticantes.
“Vivi dentro de casa, não saia. Só ficava em casa jogando no celular. Aí os amigos chamaram para treinar aqui na praça. Eu vim, via eles treinando, mas nunca chegava perto, porque tinha vergonha. Esperava eles sair e ia treinar com meus amigos”, conta João Vitor, estudante.
Calistenia como ferramenta social
Marcos Réu é entregador, mas, no Rocha, é mestre do grupo “Quebra Ossos”. Ele treina jovens do bairro e usa o esporte como ferramenta social.
“A ideia não é ninguém se quebrar”, brinca. “É para contar a história da nossa equipe. Uma lembrança do que era isso aqui [a praça], que era tudo cascalho, pedras pontudas. A gente cansou de se machucar, só que a gente nunca desistiu”, completa Marcos.
O estudante João é um exemplo disso. O jovem fez da calistenia parte da sua rotina e sonha com o avanço no esporte.
“A gente está mantendo para conseguir campeonato e vir ganhando nossos títulos, manter nossos sonhos em frente. Eu só faço essa rotina, de casa, para treino, de casa, para a escola, para manter meus sonhos em frente”, afirma João.
“A gente conseguiu colocar isso na mente deles e eles gostaram. É como se fosse malhar, mas malhar brincando. Eles gostaram desse movimento e foi dando se dando bem”, explica Railton Baiano, instrutor de calistenia e adestrador de cães.