Não é preciso muito para sair do sedentarismo. Tênis nos pés, uma roupa confortável e a disposição necessária para mexer o corpo e se exercitar. Às vezes, basta apenas dar o primeiro passo para que o hábito vire rotina. E com o visual privilegiado da orla de Maceió, fica ainda mais fácil fazer uma caminhada, prevenindo doenças e garantindo mais qualidade de vida.
Muitos são os benefícios da caminhada para a saúde dos indivíduos. A prática diária ajuda na diminuição dos riscos de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e cardiovasculares; no fortalecimento das articulações, combatendo a osteoporose; o tratamento da depressão; na melhora da atividade cerebral; no controle e tratamento da obesidade, além de melhorar a eficiência do pulmão e aumentar a resistência em diversos aspectos.
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Trinta minutos por dia, cinco vezes na semana, ou 150 minutos semanais, são suficientes para garantir os benefícios da caminhada, uma atividade que é indicada para pessoas saudáveis de todas as idades. Segundo a OMS, praticar exercício por este tempo é suficiente para o indivíduo sair do sedentarismo.
De acordo com o médico cardiologista José Leitão, apesar de todos os alertas e informações relacionados aos perigos da ausência de atividade física, cerca de 47% da população brasileira acima dos 18 anos é sedentária. Por ano, 300 mil pessoas morrem no Brasil por doenças associadas à inatividade física.
A caminhada, segundo ele, pode ser a solução para mudar esta realidade. “A caminhada é, sem sombra de dúvidas, a atividade física aeróbica mais completa e segura, tanto para o coração, quanto para as articulações”, afirma o cardiologista.

Ele cita a importância de as pessoas se consultarem com um cardiologista antes de iniciarem qualquer tipo de atividade física, principalmente, aqueles que já têm alguma doença cardiovascular ou história familiar de infarto ou AVC. “É importante procurar um cardiologista para realizar alguns exames, como eletrocardiograma, ecocardiograma e teste ergométrico. Eles servem para avaliar a capacidade física do atleta e diagnosticar, ou descartar, qualquer patologia desconhecida pelo mesmo”, ressalta o médico cardiologista.
O Dia Mundial da Atividade Física, escolhido pela OMS para ser comemorado em 6 de abril, é uma data que serve para alertar sobre a prevenção do sedentarismo, que é um dos principais fatores de riscos relacionados a doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão arterial sistêmica, câncer de mama e de colo do útero.
Para o educador físico Gillion Oliveira, é importante que, independentemente de qualquer coisa, as pessoas comecem a praticar atividade física. E a caminhada é uma ótima maneira para começar e sair, de uma vez por todas, do sedentarismo.
“Não deixe para a segunda-feira, ou quando tiver motivação para começar, pois a disciplina é o que rege a constância. Nem todos os dias acordamos dispostos a ir trabalhar, estudar, fazer algo que nos tire da zona de conforto, mas vamos por disciplina, temos que ir e ponto! Então comece. Exercício físico só trará coisas boas a sua vida, sua saúde”, afirma Gillion, que mantém um perfil nas redes sociais ativo, onde costuma dar dicas de atividades (@personaltrainer_gillion).
O profissional da Educação Física destaca, no entanto, que a caminhada não é sinônimo de ganho muscular. Para isso, é necessária a prática de exercícios físicos mais intensos. “A caminhada fará você sair da inércia, diminuir o sedentarismo, mas não é a solução para tudo. Tem o poder de melhorar sua saúde e diminuir o risco de doenças, mas, para outros ganhos, será necessário exercícios físicos mais elaborados e com outras características e intensidades mais profundas de acordo com a capacidade física de cada um”, fala.

‘Caminhando juntos’
O casal Nanda Gomes, de 37 anos, e Thiago Lima, de 34 anos, tem o hábito de caminhar na orla da capital alagoana todos os dias. Um costume que eles já alimentavam antes mesmo de iniciarem o relacionamento, mas que ganhou um estímulo a mais ao fazerem juntos.
“Desde a adolescência eu costumava caminhar, mas sem muita frequência. Nos últimos 10 anos, peguei gosto e até comecei a arriscar umas corridas. Caminho diariamente na orla, entre a Pajuçara e a Jatiúca, no mínimo 50 minutos”, fala Nanda.
Ela diz que a atividade é realizada por iniciativa própria, como uma forma de se exercitar, mas que também já se tornou um momento terapêutico, no qual ela aproveita para descansar a mente, ouvir música, conversar e relaxar.
“Depois da caminhada, sinto o corpo e a mente preparados para iniciar o dia. No corpo percebo definição e perda de medidas. A cabeça fica mais leve, as ideias surgem com mais facilidade, o estresse diminui, consigo me organizar melhor emocionalmente. Hoje, quando não faço caminhada, fico chateada, não consigo extravasar minha energia, parece que falta alguma coisa, o dia não rende”, afirma Nanda.
Ela destaca ainda que já fez caminhadas no Parque Municipal, da Lagoa Azeda até o Gunga, na Josefa de Melo e na orla de Cruz das Almas. E quando viaja, um item que não pode faltar na mala é o par de tênis.
Para Nanda, o amanhecer na orla de Maceió é um “presente” a mais para quem se arrisca na atividade na capital alagoana e uma das coisas que ela mais gosta. “Primeiro, o que mais me chama a atenção é a paisagem, posso ir todos os dias e todos os dias me encanto com as cores do amanhecer, do mar, até em dias de chuva. Se estiver tranquila, gosto de escutar podcast, me informar sobre assuntos dos noticiários ou algum tema que me interesse. Se estiver precisando gastar energia ou tirar o estresse, seleciono alguma playlist que ajude a colocar pra fora e se precisar arrisco até uma corrida”, fala.
Já Thiago afirma que faz caminhada desde os 17 anos. Ia sozinho, de madrugada e à noite, e hoje conta com a companhia da Nanda para praticar a atividade. O objetivo sempre foi se manter ativo, mesmo que praticasse esportes ou frequentasse a academia desde cedo.
“Faço caminhada desde meus 17 anos. Comecei a fazer quando entrei na academia, para melhorar meu rendimento no judô, e, desde então, não parei mais. Quando morava na Serraria caminhava muito no Murilópoles e, quando desci para a Jatiúca, passei a frequentar a orla. Sempre foi para me manter ativo. Mesmo que eu não fosse treinar jiu jitsu, judô ou musculação, pelo menos teria feito uma atividade”, fala Thiago, ressaltando também que já caminhou no Parque Municipal e dentro do Conjunto José Tenório, local que ele considera não ser mais seguro para a prática do exercício atualmente.
Entre os benefícios físicos, ele diz que sente bastante a diminuição de medidas e também da retenção de líquido no corpo. Isso sem contar com os benefícios para a mente. “Para minha mente é bom porque consigo desconectar um pouco dos estresses e da correria da semana. Quando não faço caminhada ou alguma atividade, fico ocioso e, ao mesmo tempo, preguiçoso”, fala.
Ele pontua, ainda, que, entre um passo e outro, aproveita para observar as pessoas que também têm o mesmo hábito que ele, além de bater um papo com a Nanda. “Eu gosto de reparar o pessoal que sempre anda no mesmo horário. Quando não aparecem, fico me perguntando se aconteceu algo. Também gosto de aproveitar e conversar um pouco com minha namorada, que hoje é minha companheira de caminhada”, diz.
Entre um passo e outro, é possível sair do sedentarismo, conhecer pessoas, apreciar uma bela vista e ainda garantir mais qualidade de vida e a prevenção e doenças. Que tal começar?