Moradores da região do Corredor Vera Arruda estiveram reunidos, neste domingo (19), para um ato público contra a abertura das vias. A iniciativa veio após a consulta pública da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Maceió (SMTT) que gerou insatisfação daqueles que residem nas proximidades do espaço. Quem é favorável aponta que a abertura das vias vai proporcionar maior fluidez no trânsito.
De acordo com a Associação dos Moradores do Loteamento Stella Maris (Astema), o protesto pacífico contou com faixas, cartazes. Vestidos de branco e com balões, os moradores se reuniram no local. Tecidos brancos foram pendurados nas janelas dos prédios que margeiam o local.
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Desde que abriu a consulta pública, o assunto vem gerando debates. De um lado há os que vivem nas proximidades e usufruem do Corredor, do outro, os que vêem o trânsito na região piorar cada vez mais e acreditam que abrir ruas para os carros é a solução.
A arquiteta e urbanista, Regina Dulce Lins, participou do ato e defendeu que o corredor seja mantido como está, afirmando que a solução do problema para fluidez do trânsito não será a abertura das vias.
"Estamos aqui juntos em torno da praça que é um bem comum do povo, não é propriedade da prefeitura. A solução do engarrafamento precisa ser construída para a cidade como um todo. Temos que discutir isso no outro fórum, que discuta como a cidade cresce e como vai crescer no futuro, só assim vamos proteger o patrimônio ambiental e cultural", argumentou.
MORADORES DISCORDAM
De acordo com Bianca Tartuce, da Astema, o espaço tem sido um exemplo de equilíbrio e harmonia ao longo dos anos, onde pedestres e ciclistas podem desfrutar de um ambiente tranquilo e seguro. Ela diz que o corredor Vera Arruda, que se estende do Maceió Shopping até a praia, é atravessado por apenas duas ruas, o que garante integridade e singularidade ao local.
“Esse refúgio, onde a natureza e a arquitetura convivem em sintonia, representa o que muitos sonham para o futuro da mobilidade urbana em Maceió. A prefeitura de Maceió, através da SMTT, planeja destruir esse paraíso para dar prioridade ao fluxo de automóveis. Tal decisão afetaria não apenas a qualidade de vida dos moradores do bairro, mas também a imagem e o espírito da própria cidade”, opina a moradora.
William Júnior, de 73 anos, reside à margem do Corredor. Ao final de cada dia ele costuma sentar em um dos banquinhos do local e bater papo com outros moradores e até com os passantes. Para ele, abrir seria uma decisão “imoral e ignorante”.
“O fluxo de carros só vai piorar a vida de quem mora aqui e usam a praça. Apesar de abandonada, porque fizeram uma obra muito ruim recentemente e precisam resolver. Enquanto o mundo anda para frente, evitando abrir áreas assim para os carros, Maceió quer ser uma província, em que os políticos não conseguem tomar decisões difíceis, não governam, só querem ficar bem na fita”, afirma o aposentado.
FLUIDEZ NO TRÂNSITO
Já que sofre com os congestionamentos nos arredores do Corredor Vera Arruda vê na abertura das ruas uma saída para dar fluidez ao trânsito. José Ferreira Tavares, que trabalha fazendo entregas para um depósito de bebidas, diz que perde muito tempo parado e acredita que poder usar aquelas ruas, que hoje têm a saída bloqueada, ajudaria a chegar mais rápido ao seu destino.
“Olha, eu não entendo de engenharia, mas eu entendo de dirigir. Então eu acho que seria uma boa ideia. A gente perde muito tempo aqui parado, sem poder fazer nada, enquanto aquelas ruas estão praticamente inutilizadas. Acho que deveria abrir, sim”, afirma o motorista.
O vereador Chico Filho (MDB) é um dos porta-vozes dos que preferem ver o Corredor Vera Arruda aberto para carros. Ele defende que é preciso mudar alguma coisa para dar mais agilidade no trânsito da região. Morador da localidade, ele mesmo diz que se atrasa constantemente para compromissos por causa do trânsito no local.
Diante da polêmica, o vereador diz que é a favor da conversa. "É importante que a gente faça o debate. Na realidade, não há nada pré-definido. A prefeitura abre a consulta pública para ouvir a população e construir em conjunto um projeto que atenda a necessidade da mobilidade urbana, sem que prejudique o passeio público”, afirmou Chico Filho em entrevista à rádio Gazeta 98,3 FM.
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