A Justiça russa confirmou nesta terça-feira (24) a condenação a nove anos de prisão em regime fechado do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, julgado por acusações de "fraude" e "desacato".
A confirmação foi feita durante julgamento do recurso apresentado pela defesa de Navalny, que lidera o principal movimentos de oposição a Putin e foi envenenado em 2020.
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O recurso foi negado, o que inviabiliza a candidatura do líder opositor para as próximas eleições na Rússia, programadas para 2024. Ele havia anunciado intenção de concorrer contra Vladimir Putin.
Em resposta, Navalny, que acompanhava o caso por chamada de vídeo, chamou Putin de um comandante "louco" de um governo "de ladrões e criminosos" e autor de "uma guerra esútpida", em uma rara manifestação pública de protesto no país. A Rússia considera crime criticar o que chama de operação militar especial na Ucrânia, e a imprensa do país é proibida de noticiar sobre a guerra.
"Um homem louco colocou seus palhaços na Ucrânia e eu não sei o que ele pretende com isso, esse ladrão maluco. Essa guerra é estúpida e construída sobre mentiras", declarou Navalny, ao vivo, enquanto um juiz da sessão tentava interromper o opositor.
Navalny já está preso em um campo prisional perto de Moscou por outro processo pelo qual foi acusado por violações de condicional, após ter ido à Alemanha para se curar de um envenenamento em 2020. Na ocasião, ele foi transferido de um hospital na Rússia para outro em Berlim, onde passou vários meses em tratamento.
O opositor lidera um movimento fortemente reprimido nos últimos anos pelo governo russo, que ordenou sua proibição e persegue seus líderes até hoje.
Na sentença cujo recurso foi negado nesta terça-feira, a Justiça decidiu que Navalny é culpado por ter desviado cerca de R$ 23 milhões em doações para as organizações que lidera. Uma delas é a fundação do opositor, que, entre outra atividades, realizava protestos frequentes contra o Kremlin.
Navalny responsabiliza o presidente russo Vladimir Putin pelo envenenamento. O caso até hoje não foi formalmente investigado na Rússia. Autoridades do país afirmam que não há provas e que a Alemanha não compartilhou as análises médicas.
Processo na prisão
O opositor político, de 45 anos, nega as acusações e afirma que o governo russo de politiza e manipula os processos judiciais.
Ontem, a revista norte-americana "Time" publicou um texto de Navalny sobre Putin, dentro da lista anunal das cem pessoas mais influentes do mundo da publicação, na qual o presidente russo aparece.
Navalny está preso na colônia penal de Pokrov, a 100 km ao leste de Moscou. O processo iniciado em fevereiro foi realizado na própria penitenciária, o que foi criticado pelos simpatizantes de Navalny como uma forma de limitar a divulgação do julgamento.