A canoa de tolda Luzitânia, embarcação símbolo do Rio São Francisco e Patrimônio Histórico Nacional, que submersa no rio em Pão de Açúcar, município de Alagoas, foi resgatada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nessa quarta-feira (16), durante uma operação que durou três dias.
À Gazetaweb, o Iphan informou que a canoa tem previsão de chegar nesta quinta-feira (17), à Marina, onde ficará preservada. Ela chegou por volta das 22 horas de ontem, na cidade alagoana de Traipu, no agreste do Estado.
A embarcação, que tinha sido colocada à venda para garantir a sua conservação, estava parada em um banco de areia no município ribeirinho, mas, quando o nível do rio subiu, após a abertura das comportas da Hidrelétrica de Xingó, entre Alagoas e Sergipe, ela acabou debaixo d'água.
De acordo com a superintendência do Iphan em Alagoas que acompanhou toda a operação, aparentemente a embarcação está em boas condições, mas será avaliada e, posteriormente, serão feitos os reparos necessários para sua restauração. “A canoa apresenta fissuras, anteriores ao alagamento. Ela não afundou, e sim foi inundada justamente por causas dessas aberturas”, explicou a superintendente do Iphan-AL, Melissa Mota.
A medida de recuperação da embarcação anunciada pelo Iphan veio mais de um mês depois da Justiça Federal de Sergipe determinar, no dia 21 de fevereiro, que o órgão é responsável pela última canoa de tolda conservada, original da época do Brasil Colônia.
“A remoção da canoa foi um sucesso e estamos muito satisfeitos com a conclusão da operação. Desde que fomos comunicados sobre o ocorrido, trabalhamos incessantemente para realizar todos os trâmites determinados pelo Poder Judiciário e cumprir com todos os requisitos exigidos pela Marinha do Brasil”, comemorou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Foi uma operação delicada, com muitas etapas e cada uma delas cumpridas com muita atenção. O resgate e reboque da canoa foram possíveis graças a uma ação emergencial aprovada pelo Iphan, por meio do governo federal, para liberação de recurso”, completou a presidente.
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Na época, por meio de nota ao G1 Sergipe, o Iphan tinha informado que, apesar do tombamento federal, a responsabilidade pela conservação, o uso e gestão da embarcação é da Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco Canoa de Tolda, que vinha realizando um conjunto de ações para reflutuação e remoção da canoa.
Ainda segundo o Iphan, já foram iniciadas as pesquisas para encontrar locais em que a canoa possa ser guardada de forma segura. Além disso, para evitar o encalhe da canoa e não danificar sua estrutura, o Iphan solicitou à Chesf para que as defluências médias diárias das usinas hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Xingó (AL/SE) não fossem reduzidas no período da operação.
A operação contou com o apoio da Marinha do Brasil, da Capitania dos Portos de Alagoas, da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e da Superintendência Regional da Polícia Federal em Alagoas.
Luzitânia
A Luzitânia é a última Canoa de Tolda original da época do Brasil Colônia que ainda estava preservada encalhada no Rio São Francisco, em Pão de Açúcar, no Alto Sertão de Alagoas. A canoa foi tombada em 2012 como patrimônio histórico nacional pelo Iphan.
Após um longo período de negociação para a compra da Luzitânia, ela passou por uma intensa reforma realizada por artesãos tradicionais da região.
Ela virou depois do aumento da vazão do Rio São Francisco, no dia 24 de janeiro, que alcançou 4.000 (m³/s), a maior alcançada no Velho Chico em 13 anos.

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Canoa de tolda
A canoa de tolda é uma herança da colonização holandesa no Nordeste e tem esse nome por causa da cobertura em madeira na parte do convés. Ela é o símbolo do Rio São Francisco, assim como o Mandacaru é símbolo do Sertão.
As canoas de toldas faziam o transporte de mercadorias na região do Alto e Baixo São Francisco no passado e se tornou de grande importância econômica para a região
*com informações de G1 Sergipe e do Governo Federal.