Curvas desenham poesia sob um olhar que investiga luz e sombra, gestos, expressões, belezas, nuances humanas. É essa a investigação proposta pelo fotógrafo Hugo Taques na exposição ‘Poesia da Sombra II - Diversidade’, que entra em cartaz na galeria do Complexo Cultural Teatro Deodoro nesta quarta-feira (11). Com curadoria de Fredy Correia, a mostra também pode ser vista on-line, pelo site diteal.al.gov.br.
‘Poesia da Sombra’ traz 50 fotografias, todas em preto e branco, nas quais Hugo Taques explora o nu artístico feminino. As obras tiveram a participação das modelos: Amanda Maria da Silva Vicente; Bárbara Nagma C. Correia; Elaine Ferreira da Silva; Heloise Fernandes Godoy; Jaqueline Mattos Arfux; Lídia Rocha; Luana de Farias Santos; Noêmia Correia Rocha; Tainara Cardoso de Araújo; e Vanessa Mikaela Farias de Oliveira.
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“Esse momento é de expectativas de como o público receberá esse trabalho tão instigante e polêmico, que reação causará em cada observador. Como criador das obras, tenho uma sensação de alegria e felicidade; orgulhoso e realizado por mostrá-las no melhor e mais bonito espaço para exposições do estado”, revela Hugo Taques.
A exposição é a segunda de uma trilogia. Segundo o fotógrafo, a produção da terceira e última etapa está em andamento, com a captação de imagens já adiantada. Dessa vez, foram convidadas e fotografadas dez mulheres cuiabanas e maceioenses de diferentes biotipos, idade, orientação sexual e etnia, dando ênfase à diversidade.
“Além de toda a delicadeza das imagens que fazem poesia com os corpos das modelos, tendo a luz e a sombra como elementos protagonistas com olhar sensível, destacamos também a proposta delicada de ver, sentir e perceber o corpo humano em toda sua diversidade de formas e gêneros, fugindo do lugar comum, onde a ditadura da indústria da estética é colocada de lado, e a vida como ela é rege as imagens”, relata o gerente artístico e cultural da Diteal, Alexandre Holanda.
Para o curador Fredy Correia, a mostra exibe um garimpo estético que iguala “belos e diversos tipos de corpos” e que usa a fotografia como uma ferramenta de inclusão social, tirando corpos reais das sombras.
“Como um pintor, Hugo Taques busca, através de suas lentes e de um olhar sempre atento, encontrar o equilíbrio entre luz e sombra, garimpando nuances entre os côncavos e convexos contornos do corpo feminino, onde as silhuetas monocromáticas revelam sentimentos e emoções não vistas nas imagens coloridas”, afirma Correia.
“De forma leve e sem perder a poesia do seu trabalho em preto e branco, o artista invoca, de forma proposital, temas políticos sociais contemporâneos nos fazendo refletir sobre as questões relacionadas ao ser humano e suas realidades cotidianas, quebrando tabus e redescobrindo a beleza que o envolve”, completa o curador.
HUGO TAQUES
Apesar de ter nascido no Mato Grosso, no Centro-Oeste brasileiro, Hugo Taques reside em Alagoas há 16 anos. Apesar de formado em História, hoje, aos 63 anos, atua exclusivamente com a fotografia, seja na publicidade, moda, beleza, passarela, eventos e produção de fotos para ilustrar revistas, jornais e sites. Sua maior paixão é com a fotografia criativa, de arte. Fotógrafo há mais de 20 anos, ministra palestras sobre História da Arte e Fotografia Contemporânea.
Hugo Taques realizou sua primeira exposição individual em Maceió em maio de 2015, no MISA – Museu da Imagem e do Som de Alagoas. Foram 30 fotos com modelos magras, altas e jovens - ele faz questão de frisar. Nesta segunda mostra, o artista quer mostrar que sensualidade e beleza são valores subjetivos e não são exclusivos de nenhuma tipologia. “Foi um trabalho de muita sensibilidade e delicadeza no trato com as fotografadas”, conta.
Segundo o artista, ‘Poesia da Sombra II – Diversidade’ aborda questões sensíveis atuais, por vezes polêmicas e permeadas de preconceitos, como a mulher trans, a mulher idosa, negra, magra, plus size e também as portadoras de deficiência física.
“A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS”
Presidente da Academia Alagoana de Letras, Alberto Rostand Lanverly conferiu a exposição e diz que o trabalho é uma afirmação do que é beleza “de verdade”.
“Vislumbrando o conteúdo da exposição, facilmente enxerguei ser o autor um verdadeiro alquimista da criatividade fotográfica, um pescador que atira seu anzol de forma certeira e colhe registros exatos e belos, demonstrando ter pleno domínio da arte que pratica, desde os mais despercebidos detalhes até sonoridades especiais, porque suas imagens parecem falar, acrescentando o belo aos olhos dos espectadores”, diz o intelectual.
Outro relato sobre a ‘Poesia da Sombra II’ vem da crítica de artes visuais Caroline Gusmão, que observa: “É na abertura do olhar para a alteridade em que a arte encontra caminho fértil para uma propulsão de seu significado. Através do fluir e do fruir de contextos, o artista executa seu ato de representação, sua atitude significativa, dando forma à sua ambiência histórica através de sua obra. A fotografia talvez seja, das técnicas artísticas modernas, a que mais tenha conseguido se adaptar às mudanças científicas e culturais ao longo dos tempos. Tendo nascido em meio ao burburinho citadino do início do século XIX, a fotografia rapidamente se mostrou apta ao diálogo com as ideologias da modernidade, resultando em uma feliz conjugação da técnica e da sensibilidade”.
O Complexo Cultural Teatro Deodoro está aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h, e aos sábados, das 10h às 13h. Grupos de escolas e instituições sociais devem agendar a visita guiada às exposições e aos demais espaços pelos telefones: (82) 3315-5660 e 98884-6885 ou pelo e-mail [email protected] .
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