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Bolsonaro sinaliza união da direita para afastar Renans do poder em Alagoas

Durante visita ao Estado, na última quinta-feira (13), presidente transformou agenda institucional num grande acontecimento político

A um ano e cinco meses das próximas eleições, a mobilização feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Alagoas pode ter sido um sinal claro para as forças de centro-direita se articularem para a disputa majoritária do Senado, governo, além do Legislativo.

Na última semana, ele transformou uma agenda institucional num acontecimento político que agitou o cenário local e nacional, já que, daqui, mandou recados à CPI da Covid-19 e ao seu eventual adversário Luiz Inácio Lula da Silva.

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De uma só vez, ele reuniu num mesmo palanque seus partidários, o deputado estadual Cabo Bebeto e o vereador Leonardo Dias (PSD), além dos aliados políticos, como o senador Fenando Collor (Pros); o presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Arthur Lira (Progressistas); assim como os deputados federais Marx Beltrão (PSD), Nivaldo Albuquerque (PTB) e Severino Pessoa (Republicanos).

Já no discurso, além de citar todos, Bolsonaro se referiu a JHC de modo carinhoso, uma vez que as obras habitacionais entregues fazem parte de projeto com contrapartida municipal. “Garoto JHC tem a idade dos meus filhos. Um abraço a você. Convivi contigo por dois anos na Câmara dos Deputados. Você é um cara excepcional. Tem tudo para ser uma grande liderança no Nordeste e no Brasil”, disse o presidente.

O que ele não sabia é que a fala, que motivou aplausos de seus seguidores, ocorreu na semana seguinte à divulgação do MB Pesquisas e Consultoria que apontou o prefeito de Maceió como nome forte para a disputa do governo do Estado. Segundo o autor da coleta de dados, algo considerado normal após um pleito em que o próprio JHC foi o destaque ao desbancar a máquina estadual administrada pelo governador Renan Filho (MDB) e do município com o ex-prefeito Rui Palmeira (Podemos).

O fato de estar no PSB, partido originalmente de esquerda e nacionalmente ter feito uma aliança com o PDT, para apoiar Ciro Gomes presidente, a princípio pode ser um empecilho. Porém, nada que não tenha solução. “Vem pra direita, JHC!”, gritou um apoiador de Bolsonaro entre uma fala e outra.

Na prática, além de vencer a disputa, JHC bagunçou o xadrez organizado por RF, que tinha prometido apoio a Rui, ao selar aliança em torno do seu candidato, Alfredo Gaspar de Mendonça. Ele perdeu o pleito, mas a grande derrota foi da articulação que projetava 2022.

Agora, o mandatário do Palácio República dos Palmares tem poucos meses para se reorganizar e construir uma chapa competitiva para o pleito. O problema é que não formou ninguém nem surgiu nenhuma liderança espontânea. Por isso, testa o nome do secretário Estadual da Saúde, Alexandre Ayres, e até do prefeito de Pilar, Renato Filho.

Articulação

Sendo assim, com a máquina estadual sem segurança para o pleito, se souber deixar de lado as divergências, as lideranças no palanque com Bolsonaro podem conquistar espaço. Sem preconceito, com inteligência e método, com o “empurrão” da máquina federal, os recursos para as obras estruturantes, uma parte do eleitorado pode abandonar as promessas feitas aos prefeitos que ora fecham com o palácio por causa dos investimentos que receberam em seus municípios.

Vale lembrar que, nesse quesito, Arthur Lira também é muito forte, uma vez que conquistou também muitas prefeituras. E por elas deverá fazer vários investimentos, seja com a liberação de emendas, seja até mesmo com obras diretas do governo federal. Afinal, também estará em jogo a possível reeleição do próprio Bolsonaro. Ou seja, os interesses de um possível projeto para Alagoas, também passa por uma conquista ainda maior que seria sua manutenção no cargo de presidente.

Ao se referir a Lira, Bolsonaro não poupou elogios, agradecendo até ao seu pai, o ex-senador e atual prefeito da Barra de São Miguel, Benedito de Lira. O afago político demonstrou o quanto no momento ele conta com Arthur para garantir sua governabilidade. “Hoje você está na Câmara pela graça de Deus. Você tem sido excepcional naquilo que o Executivo lhe pede. E digo mais: Executivo e Legislativo não são dois poderes. É um só poder. Um nasceu para o outro. E graças a Deus o Brasil hoje tem Arthur Lira na presidência daquela casa”, declarou alto e bom som Bolsonaro.

Assim como ele, o próprio Bolsonaro sabe que também precisará da experiência do senador Fernando Collor, que briga por sua reeleição. Seja pela atuação política, com a capacidade de também lhe dar orientações no difícil jogo da governabilidade, o senador alagoano é peça-chave no xadrez nacional, na qual a primeira jogada passa por Alagoas. “Presidente Collor, prazer redobrado estar em seu Estado ao seu lado”, disse o capitão em seu pronunciamento na capital.

Se as expectativas se confirmarem, seu maior adversário no pleito será Renan Filho, que vai tentar se eleger senador. No atual contexto político, em que Bolsonaro está em rota de colisão com o pai, o senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI da Pandemia, que tem como alvo o presidente, não lhe interessa ver Renan Filho chegar a Brasília para formar linha com o pai.

Quando teve a chance de falar, Arthur demonstrou maturidade e soube agradar ao presidente e, nas entrelinhas, deixar claro que também tem vocação e articulação para ações do Executivo. Aprendeu com o pai a saber transitar em qualquer terreno político-ideológico e, principalmente, se destacar na liderança. Por isso, enfatizou no discurso o que o presidente mais precisa no momento: se mostrar eficiente.

“Governar não é produzir manchetes e buscar a popularidade efêmera e volátil das opiniões públicas que mudam de humor de acordo com as circunstâncias. Governar não é perseguir. Não é surfar nas ondas. Não é buscar a zona de conforto dos holofotes fáceis. Governar é mudar a vida das pessoas como hoje. Dar casa a quem não tem. É transformar a realidade dos que mais precisam”, disse Lira.

Repercussão

Presente durante toda a agenda política de Bolsonaro, o deputado Cabo Bebeto, ao ser provocado sobre a grande aliança que poderia nortear os passos para 2022, disse apenas “quem sabe?!”. Já em relação à fala e à união que o presidente foi capaz de fazer no Estado, enfatizou que isso tem ocorrido por onde anda. Segundo lembrou, ele gosta de enaltecer quem o ajuda e acredita que pode fazer um país diferente.

“Ele sempre prestigia e convida os políticos locais e suas bancadas. Ele leva o cara lá para mostrar ao povo também e que fez parte daquilo ali. Não quer dizer que são 100% com Bolsonaro, mas que as pessoas trabalham também independente de ser esquerda, centro ou direita. O prefeito JHC é amigo dele. Sempre se deram bem e JHC é muito amigo de Eduardo Bolsonaro. Não é algo criado agora”, observou Bebeto.

Bebeto também lembrou que os deputados federais todos: Marx, Nivaldo e Severino Pessoa, têm sempre votado com o governo e por isso também foram e têm sido prestigiados por Bolsonaro. “De uma forma ou de outra ajudam o governo. Não é nada para desconstruir ninguém, nem para construir uma imagem que não existe”, disse Bebeto.

Assim como ele, o vereador Leonardo Dias se mostrou um grande articulador da visita, contando até mesmo com contato prévio com alguns dos ministros que acompanharam Bolsonaro. Ele acha que, mesmo na divergência, é possível dialogar com todas as forças, tanto que tem feito contato com várias lideranças. Mas também admite que a visita do presidente deixou uma semente plantada que pode apontar direções políticas para 2022.

“A visita de Bolsonaro mostrou que é possível, sim, a Direita dialogar com setores do Centro que estejam dispostos a construir um país com foco no desenvolvimento e, sobretudo, na liberdade do indivíduo e na preservação dos valores da cultura ocidental. O presidente tem feito isso nacionalmente e, em Alagoas, esse diálogo também se fará necessário. Pessoalmente, torço para que as forças sejam somadas, cada um com sua própria característica, e assim, consigamos fazer do Brasil um país melhor para nossos filhos e netos. Tenho conversado com muitos políticos locais que pensam desta mesma forma, mas são conversas iniciais”, disse Leonardo, torcendo pela união da direita alagoana.

Para o policial federal Flávio Moreno, liderança do PSL, o momento de formar aliança chegará, porém o mais importante é enfatizar as conquistas do governo para que as pessoas possam ver o quão diferente tem sido o seu trabalho. Sendo assim, destacar os investimentos de R$ 18 bilhões feitos nos municípios ajuda a edificar a imagem de gestor que o presidente precisa.

”O apoio ao presidente só cresce, no meio político e na população. Além de apoiadores de Maceió, os de outras cidades se fizeram presente. O Brasil via governo federal já se libertou. Agora é a vez de Alagoas se livrar definitivamente da esquerda Lulo-Petista-Renanzista, tanto que Maceió os derrotou nas últimas eleições (2020), já com a união no segundo turno, com reforço de frente mais alinhada à parte da centro-direita bolsonarista. O PSL Maceió e parte da direita bolsonarista novamente participou decisivamente desse processo de mudanças no primeiro e segundo turno", disse Moreno.

Ele defende que haja uma união para que possam mostrar qual a verdadeira face do governo Renan Filho, já que tenta com propagandas milionárias vender uma imagem bem diferente da que Moreno, como agente federal da PF, conhece, uma vez que a própria força já foi pra cima de sua gestão com operações.

“O País mudou, e Alagoas quer mudanças, a população não quer voltar à bandalheira nacional que foram os governos petistas renanzistas que envergonharam o País com o mensalão e petrolão, que desviaram bilhões dos cofres públicos. Aqui em Alagoas foram cinco operações da PF e MPF no governo Renan Filho, inclusive três na área da Saúde, que investigam R$ 280 milhões. Ninguém aguenta mais isso. A mudança começou em 2018 e não vai parar. Com a união da centro-direita bolsonarista, dos cristãos, das pessoas simples e cidadãos que amam Alagoas, é possível para derrotar essa oligarquia da política alagoana e nacional, que atrapalha o País e Alagoas, definitivamente", defendeu Moreno.

Análise

Quanto ao potencial de votos que o estado de Alagoas representa para uma eventual reeleição de Bolsonaro, o professor e cientista político da Ufal Ranulfo Paranhos afirma é que o percentual é muito pequena. Já em relação às alianças para 2022, elas serão necessárias para garantir algumas reeleições, mas precisam ficar mais claras, isso porque se de um lado Renan Filho tem a máquina para favorecê-lo, por outro há um vácuo na construção de uma aliança do MDB para o governo do Estado.

“Quanto à direita, há um conservadorismo em geral porque o Progressistas nunca foi extrema direita e luta pelo pragmatismo e não pela ideologia, assim como Collor.

Vale lembrar que, se de um lado os políticos que apoiam Bolsonaro costumam ser mais ideológicos e conservadores, Lira tem seu próprio grupo político remanescente das eleições onde conquistou um terço das prefeituras. E esse grupo tem força para disputar o governo, mas não tem ainda um nome. “Ele pensa como grupo e precisa da estrutura do governo federal para mantê-lo”, explicou Ranulfo.

A união não é algo fácil para a cientista política e professora doutora da Ufal Luciana Santana, por causa de algumas diferenças importantes. Ideologicamente, ela lembra que o presidente Bolsonaro é de extrema direita, enquanto o Centrão é formado por partidos não necessariamente de centro. “São partidos que estão mais à direita que o centro. Eles já têm um alinhamento maior e há de se esperar que já estejam juntos. No caso de Alagoas, não foi a vinda de Bolsonaro que fez o alinhamento com os partidos de direita. Tanto Lira quanto Collor já vinham fazendo isso sendo contrários a Renan. Tem sim um processo em andamento que podem sim viabilizar candidaturas ao governo e tanto para o Senado, bem como para a Câmara”, analisou.

Ela lembra, porém, que esse cenário que os aproxima no momento, por ainda estar distante de 2022, pode sofrer algum revés, pois os partidos do chamado Centrão podem mudar de rota. Isso, entretanto, vai depender do contexto político e econômico. “Se começarem a perceber que o governo Bolsonaro vai naufragar eles têm a mesma força de sair rapidamente e desembarcar. Então, a gente só pode ter qualquer tipo de certeza quando as coligações foram efetivamente apresentadas em meados do próximo ano”, observou Luciana.

Quanto a JHC, ela não imagina que possa estar no mesmo palanque no próximo pleito, por definir que existem na atualidade em Alagoas três grupos distintos: um que vai marchar com Lira; outro com JHC com Rodrigo Cunha e o grupo dos Calheiros.

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