Quem é portador do glaucoma tem visto nos últimos meses o que a queda de 75% nos repasses do Ministério da Saúde provocou na rede de atendimento e distribuição do colírio para conter a doença. São mais de 30 mil pessoas diagnosticadas, em todo o Estado, que tiram do próprio bolso ou até mesmo suspenderam o tratamento.
Atualmente, sete clínicas estão credenciadas para o atendimento e têm que repartir os R$ 237.207 mil repassados pelo Governo Federal para o estado de Alagoas. Antes do corte, em 2017, o repasse da União era de R$ 1,3 milhão.
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As dificuldades para atender quem é portador da doença e identificar novos casos foi tema de uma sessão pública na Assembleia Legislativa de Alagoas, na manhã desta segunda-feira (18). Convocada pelo deputado Davi Davino Filho (PP), o evento contou com a presença do deputado federal Marx Beltrão (PSDB), especialistas e dezenas de pacientes.
Segundo o parlamentar, o objetivo do encontro foi reunir "todas as partes", afim de se encontrar uma solução para o problema, pois, entre os muitos atingidos, estão pessoas residentes e, também, fora da capital, que acabam sofrendo ainda mais para tentar atendimento especializado.
"Não queremos apontar o dedo ou achar culpados. O intuito é tão somente encontrarmos uma solução para o assunto, que já se tornou um pesadelo para os portadores da doença", disse o parlamentar.
Diagnosticado há 15 anos, o aposentado José Melo, que mora em Rio Largo, lembrou que a distribuição gratuita do colírio é um direito dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
"O colírio é um direito nosso e uma obrigação deles (governo). Agora, vem uma situação dessa e o pior de tudo é que nós, glaucotomistas, estamos sem fazer os nossos exames. É preciso que haja uma solução o quanto antes", disse Melo.
O vice-presidente da Comissão de Saúde, Marx Beltrão, disse que vai buscar informações junto ao governo federal. "O que nós buscaremos é saber porque esses medicamentos não estão chegando às mãos dos pacientes", destacou o parlamentar.
Os problemas com o programa do glaucoma teve início depois da descoberta de um esquema que superfaturou a quantidade de pacientes em Alagoas e, por consequência os repasses, bem como a própria distribuição do colírio.
De acordo com o Governo do Estado, está sendo encaminhado um novo sistema de recadastramento com a supervisão do Ministério da Saúde. Quanto ao repasse dos colírios, este deve ocorrer no prazo de até dez dias, depois que foi feita uma aquisição dos medicamentos pelas unidades de saúde e, também, dos pacientes.