Numa semana de novas manifestações envolvendo moradores do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, um poema da poetisa, analista judiciária e professora de Direito Mírian Monte chamou atenção da população alagoana. Na última sexta (22), Mírian publicou uma foto com os dizeres "a cidade é nossa casa" e, na legenda, demonstrou poeticamente a aflição sentida pelos habitantes do Pinheiro.
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Nos comentários, muitas pessoas se mostraram sensibilizadas com a situação. A usuária @julima96, por exemplo, disse: "uma tristeza e aflição imensurável pode ficar mais leve diante de uma poesia tão estupenda". Karyna Costa (@karynaklocosta) apontou que "me emocionei Miriam, mesmo sem ser moradora, nem possuir história no bairro, imagine quem tem!!!! Triste realidade! Força e fé pra todos que estão passando por esse vendaval". Para Ricardo Verçosa (@vercosaricardovercosa), o sentimento ao ler foi um só "é ler e chorar".
Em conversa com aGazetaweb, a poetisa de 39 anos, moradora do bairro do Antares, contou o que a estimulou a escrever a poesia. "Eu estava lendo a respeito, acompanhando tudo. Tenho uma avó de 84 anos que mora lá e está sendo obrigada a fugir também, porque as pessoas não estão sendo retiradas, estão tendo que fugir mesmo de lá. Além dos amigos que eu tenho que moram lá, e faço balé na Escola Eliana Cavalcanti também. É uma situação muito triste, de muita dor, e eu senti a necessidade de escrever sobre isso, assim como outras coisas que eu sempre escrevo, porque eu tenho essa vivência de escrita", conta.

Sobre o fato de não morar na região afetada, ela afirma que a distância não é um fator que a isole da empatia que sente pela situação no Pinheiro. "Eu estou, de certa forma, distante, mas a solidariedade e a cabeça está com eles. A gente precisa dar as mãos e ajudar, é uma coisa que afeta todo mundo, e a poesia pode ajudar nisso. Naqueles momentos em que a gente se sente mais soterrado em tristeza, a poesia tira da dor. Tem até uma frase que diz 'é na noite que brilham mais intensamente as estrelas', e eu acho que é isso, força".
Perguntada se gostaria de deixar alguma mensagem para os habitantes dessas regiões, Mírian focou na esperança de dias melhores. "Eu quero que as pessoas leiam, sintam esse poema, e extraíam a força necessária. É preciso ter a noção de que é realidade, é fato, não há mais dúvidas sobre a situação, mas é possível sonhar, recomeçar, transformar o azar em sorte. As pessoas precisam se refazer, sonhar outra vez, ter a certeza de que dias melhores vão acontecer. Porque, se perderem essa perspectiva, elas vão se entregar. Isso não pode acontecer. Naqueles momentos em que a gente se sente mais soterrado em tristeza, a poesia tira da dor. Tem até uma frase que diz 'é na noite que brilham mais intensamente as estrelas', que as pessoas saibam disso e possam extrair força do poema", torce.