"Uma imagem vale mais que mil palavras", diz a expressão popular, utilizada para "transmitir a ideia do poder da comunicação através das imagens". Por outro aspecto, é dito que "a palavra tem poder". Neste contexto, unir imagem e palavra pode significar a amplificação de sensações e entendimentos. E quando esta conjunção envolve fotografia e poesia, o chamado à sensibilidade aflora naturalmente. É isto que propõe os jornalistas e professores Luiz Manoel Castro da Cunha e Magnolia Rejane Andrade dos Santos com o trabalho em conjunto que resultou no livro Tez de Florais - Poesia e Fotografia. O lançamento da obra acontece na noite desta sexta-feira (12), às 19h, no Café Linda Mascarenhas, no Teatro Deodoro.
Os dois, doutores por formação, são apaixonados pela semiótica. Ele, na fotografia, ela, na poesia. E quis os caminhos inesperados da vida que o trabalho de um se encontrasse com a obra do outro, no caso outra, sem maiores pretensões iniciais. Simplesmente, aconteceu. E o resultado é um livro cheio de vida, seja na imagem ou nas palavras.
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Luiz conta que, durante seus estudos na cidade de Grenoble, na França, deparou-se com uma árvore que o chamava a atenção por suas flores. Sem saber inicialmente de qual espécie se tratava, lá estava ele a fotografar magnólias.
"Eu residia num antigo seminário que havia se tornado um local de hospedagem para estudantes universitários. Em um jardim situado por trás deste prédio havia algumas plantas, dentre elas, duas em forma ligeiramente cônica, que até então não me haviam despertado interesse. Estávamos na primavera, e nessas árvores começaram a surgir grandes botões e, em seguida, grandes flores, que não tardaram a trazer uma diversidade de insetos como abelhas e besouros, pois essa enorme flor exalavam um cheiro bem peculiar e adocicado", lembra Luiz.
Ao retornar ao Brasil, ele mostrou suas fotografias à professora Magnólia Rejane, quando então ficou sabendo dos poemas que ela produzia. Surgiu daí o convite para que realizassem um trabalho intersemiótico junto, entre os poemas e as fotografias da outra magnólia, a flor, cujo nome científico é Magnolia Grandiflora.
"Apesar das imagens não possuírem equivalências diretas, é possível ver detalhes, indícios de que se aproximam, na temática e nas entrelinhas, dos poemas de Magnolia Rejane. Uma combinação acertada entre imagem e verso", pontua ele.
Magnolia Rejane, em suas manifestações, destaca que a coletânea de poemas de Tez de Florais é um reflexo do amor que ela tem pela poesia. Apesar de não se considerar "exatamente" uma poetisa em tempo integral, ela se diz alguém que pensa e vive de linguagens e o signo verbal, além de meio de sobrevivência, torna-se também forma de expressão de suas vivências pessoais.
"A obra é resultado de uma seleção de poemas, que brotaram quase prontos no transcorrer de uma vida ligada às letras, à semiótica e ao jornalismo. Muitas vezes, deixei-me contaminar pelos efeitos qualitativos de leituras diversificadas, expressos em versos livres. Tez refere-se a essa dimensão muito discreta da minha individualidade expressiva, que esteve escondida por toda uma vida e que agora tem a oportunidade de se tornar visível", revela.
Girassol
Oh, Girassol
que gira só
Fica a sós
... comigo
Sê meu sol
... amigo
(Poema de Magnolia Rejane)
Serviço: Lançamento
Tez de Florais - Poesia e Fotografia
Nesta sexta-feira (12), às 19h, no Café Linda Mascarenhas, no hall do Teatro Deodoro
Apresentação cultural: Fandango do Pontal
