Chegou ao final, na tarde desta terça-feira (28), o julgamento de Otávio Cardoso da Silva Neto, acusado do assassinato e desaparecimento do corpo da estudante Bárbara Regina. Ele foi condenado a 26 anos, seis meses e 30 dias de prisão em regime fechado. A expectativa de uma confissão sobre o assassinato e o local onde teria sido deixado perdurou junto à família até o último momento.
Durante todo o julgamento, ele negou seu envolvimento com o caso. Admitiu apenas que tinha dado uma carona ao deixar a boate Le Hotel, na Ponta Verde. Ainda segundo Otávio, a jovem teria lhe pedido para ficar um pouco adiante, próximo a uma agência do Banco do Brasil, no mesmo bairro.
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O defensor Artur Loureiro sustentou a versão apresentada pelo réu, chegando a desconsiderar o fato de "não existir corpo" para que seu acusado pudesse ser condenado.

Nos minutos que antecederam à sentença, Otávio não olhou para os lados. Não demonstrou nenhum nervosismo com o fato de ter que cumprir a pena em regime fechado. Calmo, resumia-se a observar a movimentação dos técnicos do Judiciário.
O representante do Ministério Público de Alagoas, promotor Antônio Vilas Boas, informou que a condenação do réu traz um sentimento de satisfação e de alívio para a sociedade alagoana. "A justiça foi feita. A sociedade já não admite conviver com tanta violência. Esperou-se quase sete anos e, finalmente, Otávio foi a julgamento e condenado a uma pena compatível com a gravidade dos seus delitos", frisou.
Antônio Vilas Boas completou, ainda, que em caso de confissão do assassinato da estudante, a pena do réu não aumentaria. "O conselho de sentença já reconheceu que Otávio ocultou o corpo, então o encontro da estrutura física só confirmaria a ocultação", explicou.
Abalada, a mãe da vítima, Valéria Leite da Silva, agradeceu o resultado da Justiça. "Estou um pouco aliviada. A gente esperava isso da justiça. Apesar da sentença, não vou ter mais a minha filha. Contudo, esse rapaz não poderia ficar solto para não prejudicar outras famílias. Ele não me deu o direito de enterrar minha filha e essa angustia vou levar para o resto da minha vida", concluiu.
O caso
A estudante universitária Bárbara Regina tinha 21 anos quando, ao sair de uma boate, foi morta no bairro da Pajuçara. Segundo a denúncia do Ministério Público de Alagoas (MP/AL), as imagens da câmera de segurança do local são os últimos registros de Bárbara, que não foi mais vista após deixar o estabelecimento. O caso aconteceu em 2012.
Nas imagens, a jovem aparece saindo do local com Otávio. Ainda segundo a acusação, Bárbara teria se recusado a ter relações sexuais com o réu. O corpo da estudante nunca foi encontrado.
No entanto, testemunhas informaram que, dias depois do crime, Otávio foi até um lava-jato, com o carro muito sujo de lama e mato.