A novidade divulgada pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), do que pode indicar a origem do vazamento de óleo na costa nordestina deverá ser o mote da reunião do Grupo de Trabalho (GT) formado em Alagoas para monitorar o desastre ambiental. A reunião está marcada para as 17h desta quarta-feira (30), na Capitania dos Portos, no bairro do Jaraguá, em Maceió.
A notícia chega como uma bomba e a expectativa é de que a imagem detectada por um satélite europeu, utilizado pelo Lapis/Ufal, explique de onde surgiu um dos problemas mais graves em águas marinhas brasileiras. Os pesquisadores suspeitam que a tragédia possa ter se originado em plataforma de exploração de petróleo, na costa baiana, ou em três navios cargueiros também captados pelo equipamento espacial.
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O superintendente regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Alagoas, Mário Daniel, disse que não está autorizado a comentar sobre o estudo feito pela universidade, mas, de antemão, classificou a conclusão da pesquisa como "muito grave" e que precisa ser atestada a sua veracidade. Ele adiantou que, na reunião do grupo de trabalho nesta quarta, que já estava marcada, a novidade será discutida entre os membros.
No entanto, segundo ele, a equipe formada por integrantes de vários órgãos locais vai esperar a deliberação do comando geral da sala de crise, instalada em Brasília, responsável pelo acompanhamento e decisões que são tomadas em relação ao vazamento de óleo na costa nordestina. A partir do que ficar definido nacionalmente, o grupo de Alagoas vai colocar em prática as diretrizes e se pronunciar com mais propriedade acerca do que foi divulgado pela Ufal.
Mário Daniel também explicou que, se for confirmado o estudo do Lapis de que o vazamento foi originado em um poço de exploração de petróleo e pré-sal, naturalmente a Petrobras será chamada para prestar esclarecimentos. Se o problema tiver relação com os navios, os responsáveis deverão ser convocados da mesma maneira.
PESQUISA
A imagem foi captada nessa segunda-feira (29), por volta de 12h, e, de acordo com a Ufal, é um padrão característico de manchas de óleo no oceano, em formato de meia lua, com 55 km de extensão e 6 km de largura, distante 54 km da costa da Bahia, nas proximidades dos municípios de Itamaraju e Prado.
Toda aquela região sedimentar, observada pelo pesquisador, está nas proximidades de áreas de exploração de petróleo, conforme mapeamento abaixo, da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O pesquisador já havia encontrado, em datas retroativas dos últimos sessenta dias, manchas menores de óleo no mar, a partir de imagens de satélite. Todavia, como as imagens anteriores mostravam o piche já fragmentado, não havia como identificar o padrão de vazamento.
A imagem também permite detectar três navios, no entorno da grande mancha, que podem tanto estar passando pelo local quanto monitorando alguma situação extraordinária ocorrida na área. Nos pontos claros da imagem de satélite abaixo, há três objetos altamente refletores, que são navios. A Marinha confirmou ontem que havia três embarcações monitorando o sul da Bahia.