Na multidão que encarou o calor no desfile do Galo da Madrugada, o maior bloco de carnaval do mundo, segundo o Guiness Book, no Centro do Recife, teve espaço para tudo. A criatividade dos foliões não encontrou limites. Uma fantasia com crítica ao desastre com o óleo no litoral brincou, em harmonia, com as homenagens a pernambucanos ilustres e até com roupas de "tiradas" inteligentes e de duplo sentido.
A frase de um integrante do governo federal sobre o desastre ambiental com o óleo, em outubro de 2019, inspirou a brincadeira do grupo liderado por Luiz Fernando: os peixes inteligentes.
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Ele lembrou que o secretário de pesca disse, na época, que os peixes eram inteligentes e desviariam do óleo. "Não poderíamos deixar passar em branco essa pérola", justificou.

Na mesma linha, fazendo paródia com a política, dois foliões encarnaram "os fantasmas do comunismo". Vestidos de vermelho, com o corpo todo coberto, eles ainda empunhavam a bandeira com a foice e o martelo, símbolos do regime que perdurou em alguns países como a antiga União Soviética.
Com máscaras de médico, foliões brincaram com o medo de um vírus. Mas não era o corona. Paulo e Tereza, de Paulista, disseram que a fantasia é política: "é pra prevenir do BozoVírus", dizem, em indireta ao presidente da República.
Will Cruz, de Camaragibe, levou o "casamento" de Regina Duarte com o governo Bolsonaro para o Galo.Era mais um exemplo de sátira política no carnaval 2020, com a "Namoradinha do Brasil que virou secretária".

Na lista de fantasias com dedicatórias a pessoas famosas se destacou uma lembrança ao xilogravurista pernambucano Jota Borges, um dos homenageados no Galo, em 2020.
Natural de Bezerros, no Agreste, terra de Jota Borges, Marquinhos da Pousada vestiu uma roupa que era uma verdadeira xilogravura. "Sou amigo de Jota e vim sem avisar a ele. Amanhã, estarei em Bezerros também com essa fantasia", comenta.

Na linha de fantasias criativas, Waldemar Lima descobriu uma forma de brincar e "se proteger" do sol forte. Ele montou uma "mangueira ecológica", cheia de plantas.
"Começou quando todos os meus amigos iam brincar de fantasia, e eu não tinha nenhuma. Aí improvisei com as folhas de uma mangueira. Este ano, pintei de rosa em homenagem à escola de samba, do Rio de Janeiro", explica.

Na farra do galo também teve espaço para fantasia de padre e freira. Meninas se vestiram de "diabinhas". Chapolin Colorado brincou no mesmo bloco do Homem-Aranha, coberto da cabeça aos pés, e de "almas penadas" e bruxas.
A foliona Magda, uma das mais animadas do grupo, diz que gosta muito do pré-carnaval potiguar, mas que a folia oficial é em Pernambuco: "as prévias em Natal são sensacionais, mas o carnaval é aqui no Galo", explica.
