Partidos que tradicionalmente se posicionam ao lado dos trabalhadores e dos movimentos sociais e que inclusive votaram contra a reforma da Previdência do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o PT e PC do B de Alagoas se veem diante da proposta de reforma da Previdência estadual do governo Renan Filho (MDB), já criticada e por entidades de servidores, que estão na possibilidade de aumento da contribuição mensal de 11% para 14% e consequentemente redução dos salários. Os dois partidos fazem parte da base de apoio do governador.
A direção do Partido dos Trabalhadores trata a questão da reforma da previdência como "varejo" e diz que faz parte da gestão de Renan Filho por questão de uma "política programática, embora afirme que vai estar ao lado dos servidores. Já o Partido Comunista do Brasil declara não ser contra uma reforma ou qualquer proposta por princípio, mas que levará em conta como os interesses do Estado e da maioria da população, serão atingidos pela medida, para fechar uma posição. No primeiro escalão do governo estadual, o PT ocupa a Secretaria da Mulher e o PC do B a de Esportes.
Leia também
Para Ricardo Barbosa, presidente estadual do PT, a reforma da previdência estadual decorre da reforma da Previdência do governo federal, a qual o partido votou contra por considerar "ter sido muito ruim para os mais pobres", embora reconheça que havia necessidade. A legenda, entretanto, comemora o fato do Congresso Nacional não ter aprovado a capitalização previdenciária aos moldes do adotado pelo ditador Augusto Pinochet, no Chile, mesmo modelo que chegou a ser proposto pelo presidente Bolsonaro.
"Todos os estados vão ter que pensar em fazer a sua reforma. Aqui em Alagoas, nos estados aliados às forças do governo Bolsonaro, nos governos onde o PT tem o seu governador, obviamente essas reformas vão ter que ser analisadas, discutidas ponto a ponto, quando elas se derem. E o PT jamais será empecilho para aqueles que serão contra a reforma, os movimentos sociais, as representações da classe trabalhadora protestem, exijam, negocie direitos. O PT jamais vai se colocar na contramão desses direitos, dessas lutas ou jamais vai servir de anteparo entre essas reivindicações e o governo do Estado, mesmo fazendo parte do governo. Porque não significa isso por si só, essa questão do varejo, a saída ou um rompimento com o governo, porque a unidade que nós temos do ponto de vista estratégico é muito importante", assegurou Ricardo Barbosa.
Para o presidente do PC do B, Lindinaldo Freitas, ainda tem muita informação desencontrada sobre a reforma da Previdência estadual, que já se encontra para apreciação na Assembleia Legislativa Estadual (ALE). A medida chegou ao Legislativo sem nenhuma discussão com servidores e foi tratada em sigilo por determinação de Renan Filho. O dirigente informou que o partido destacou alguns nomes para acompanharem essa discussão e analisarem a proposta, para assim poder fechar uma posição.
"Defendemos que é possível, mesmo com a crise, governar buscando impulsionar a atividade econômica e reduzindo desigualdades. A questão fiscal não pode ser encarada como um fim em si, não adianta um governo com contas em dia, se os serviços públicos estiverem precarizados, se as famílias não possuem renda suficiente para movimentar a economia. É claro que é preciso ter responsabilidade para não quebrar o Estado. Acreditamos que o governador Renan Filho possui um bom senso de prioridade, que não irá endossar uma proposta ruim, mas estaremos e todos os trabalhadores precisam estar atentos, para que não se faça em Alagoas o que foi feito nacionalmente", pontuou. O dirigente destacou ainda que o PC do B.
Unificados em movimento, servidores estaduais prometem mobilizações para tentar barrar na ALE prejuízos à categoria, que sofre com perdas salarias na gestão Renan Filho - no caso dos policiais civis, por exemplo, já são mais de 16% - e podem ter os vencimentos ainda mais reduzidos, caso seja aprovada proposta de aumento da contribuição previdenciária.