A primeira testemunha a ser ouvida, na manhã desta quarta-feira (23), durante o júri popular do caso Franciellen Araújo, jovem que foi assassinada com requintes de crueldade, em 2013, disse ter presenciado momentos iniciais em que a vítima foi torturada. A depoente acusou a ré Vanessa Ingrid de comandar as agressões e de ter ordenado a tortura por ciúmes de Franciellen, que estaria se relacionando com seu namorado.
Quando prestou esclarecimentos, a testemunha declarou ser amiga da vítima, com quem dividia a mesma moradia. No dia em que o crime aconteceu, ela disse que Franciellen recebeu uma ligação para as duas irem a uma festa. Na verdade, era a trama para matá-la.
Leia também
"A Francielle recebeu uma ligação chamando pra ir pra festa de uma jovem conhecida por Tininha. A gente tinha acabado de chegar de uma visita no HGE. Ela alegou achar estranho ter sido convidada para o evento, mesmo assim a gente foi de táxi", contou a testemunha.
Segundo ela, quando Franciellen foi identificada entre as mulheres que chegaram na festa, foi agredida com um soco no rosto. O golpe foi tão certeiro que a vítima caiu ao chão, conforme o depoimento. Ela não soube, no entanto, identificar quem aplicou o murro. A jovem também foi arrastada pelos cabelos até o quarto.
"Chegamos no quarto e estava a Vanessa com todos os outros. A Vanessa perguntou quem era a Franciellen, ela se apresentou. Depois disso, levaram ela para o quarto. Foi uma tortura, cortaram os cabelos dela, queimaram de cigarro", relatou a testemunha.
DUAS HORAS DE TORTURA
Ela não sabe informar quanto tempo duraram as agressões. "Não tinha como saber porque assim que a gente chegou eles tomaram nossos telefones". Mas, diz acreditar que a sessão de tortura aconteceu por duas horas, mas não tem certeza. "Acho que era tarde porque não passava mais carro e nem pessoas nas ruas", lembra.
Segundo contou, a vítima apresentava lesão no rosto e o cabelo cortado quando saiu do quarto. Teria ainda sido amarrada com fitas no braço.
E revela que o cabelo de Franciellen foi cortado com faca de serra e que ela implorou para não ser agredida. "Ela pedia o tempo todo para não fazerem aquilo com ela".
Segundo a testemunha, a Vanessa tinha ciúmes de um namorado que tinha relações com Franciellen, cujo apelido era Ninho. A depoente disse que foi ameaçada pela ré. "Ela disse que se a gente contasse pra alguém, a gente morreria".
Ela contou também que Vanessa tinha a intenção de executar todas as meninas que acompanhavam Franciellen naquele dia, mas alguém interveio e ela não colocou em prática a intenção.