Participantes de um ritual de matriz africana foram obrigados a suspender uma cerimônia na noite do último sábado (3), no terreiro Ilé Nise Omo Niger Ogbá, localizado no bairro do Cruzeiro do Sul, em Rio Largo. O caso aconteceu após o local ser alvo de apedrejamento.
Após o episódio descrito pelas pessoas que presenciaram o ato como "chuva de pedras", o som dos tambores e cantigas do grupo religioso foram "calados" por pedradas, tijoladas, pedaços de cerâmica e, até, escovão de roupa. Os objetos foram arremessados no telhado do terreiro e chegaram a danificar a estrutura do local. Por sorte, nenhuma das cerca de 25 pessoas, entre elas crianças, que participavam do ritual, ficaram feridas. Ainda não se sabe quem praticou o ato de violência.
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"Nós estávamos tendo o nosso momento de religiosidade quando fomos interrompidos pelo barulho das pedras. Jogaram muitas e elas vinham da parte de trás de casa, daí não vimos quem apedrejou porque os responsáveis se esconderam. Danificaram todo o nosso telhado", contou um 'filho' da casa, que não quis ser identificado. Essa não é a primeira vez que eles são alvos de pedradas. Em outra ocasião, os religiosos tiveram que trocar o telhado pelo mesmo motivo.

Segundo a fonte daGazetaweb, os atos de intolerância religiosa acontecem com frequência. "Já fomos atingidos por bombas juninas, ossos de animais e ovos", relata, destacando que a perseguição é insistente e acontece desde 2015, quando o terreiro foi reaberto. "Representantes de outras religiões já pediram para os fiéis se unirem com abaixo assinado para fechar 'o templo do demônio', se referindo ao candomblé e a nossa instituição" contou.

E desabafa: "Não podemos parar nossos rituais todas as vezes que eles jogam pedra". Por isso, durante a manhã desta segunda-feira (5), representantes do terreiro Ilé Nise Omo Niger Ogbá estiveram reunidos com líderes da Federação do Candomblé e Integrantes da Rede De Povos Alagoana, na Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, solicitando ações de proteção ao templo religioso.
Em virtude do ato de violência, um grupo de religiosos esteve no fim de semana no 10° Departamento de Polícia, no Eustáquio Gomes, para registrar um Boletim de Ocorrência.