Após ter desistido de se aposentar por duas vezes, o atacante Aloísio Chulapa vai finalmente pendurar as chuteiras. Aos 42 anos de idade, o alagoano cuja carreira é recheada de grandes títulos vai deixar os gramados oficialmente no próximo dia 10 de dezembro, em uma despedida ao lado dos amigos que o planeta bola lhe deu. E para a festa ser completa, nada melhor do que um palco que o Chula leva no seu coração: A cidade de Atalaia, interior de Alagoas.
Em um bate-papo descontraído em sua casa, Aloísio falou à reportagem daGazetawebsobre sua carreira, amigos, expectativa em torno da aposentadoria e, é claro, do famoso "danone".
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- Eu já havia anunciado outras vezes que iria parar, mas sempre acabava acontecendo alguma coisa e eu desistia. Mas, agora, vejo que é o momento certo e, sem dúvida, é definitivo. Chegou a hora de receber os grandes ídolos do futebol brasileiro, meus amigos e familiares, e festejar a minha despedida dos gramados com muita alegria e carinho.
Nascido em Atalaia, o jogador iniciou sua carreira nas categorias de base do CRB. Do Galo, o atacante passou pelo Flamengo, mas se destacou mesmo pelo Goiás, já em 1997. Com um faro de gol invejável, Aloísio ajudou o clube esmeraldino a ser tricampeão goiano, o que fez despertar o interesse de clubes europeus. No velho continente, o alagoano passou por clubes como Saint-Etienne, Paris Saint-Germain, ambos da França, e Rubin Kazan, da Rússia.
Sempre com um largo sorriso no rosto, Aloísio recorda a época em que vivia na Europa.
- Foi um momento maravilhoso! Quando eu morava em Paris, tinha como vizinhos o Ronaldinho Gaúcho, o Alex Dias e o André Luiz. Nós sempre nos reuníamos para fazer um churrasco, tocar um pagode, e isso era muito bacana. Infelizmente, faltava o danone brasileiro, mas, de vez em quando, eu dava um jeito de levar alguns [risos].
Chulapa também aproveitou a visita da reportagem para opinar sobre temas da atualidade, como o desempenho inicial de Neymar no PSG, ressaltando seguir na torcida pelo craque brasileiro para que ele se torne o melhor do mundo.
- O Neymar, mesmo antes de ir para o Paris, ele já estava adaptado. Ele já chegou tocando pagode e todos o receberam de braços abertos. Já provou, com muitos gols, assistências e belas atuações, que ele é capaz de comandar o time. Eu não tenho dúvida alguma de que não irá demorar muito para ele vencer a bola de ouro da Fifa e colocar o Brasil de novo no alto do pódio.
E apesar de ter morado em grandes cidades do mundo ao longo dos 23 anos de carreira, Aloísio garante nunca esquecer sua terra natal, onde tudo começou. Em seus dias de folga, o jogador sempre arrumava um jeitinho de matar a saudade dos amigos e da família no interior alagoano. Nos preparativos para a aposentadoria, ele fala sobre a importância do pequeno município em sua vida.
- Muita gente pediu para que eu fizesse minha despedida em Goiânia, em São Paulo ou no Rio de Janeiro, pois, teríamos uma boa renda em qualquer um desses locais. Mas, para mim, o que vale não é dinheiro. Não posso esquecer minhas origens, minha terra e meus amigos. Além disso, quero que todos atalaienses tenham a chance de ver estes jogadores vitoriosos de perto, para que sintam o que eu representei para o futebol, levando o nome de Atalaia para todo o mundo. Sinto orgulho em dizer que sou filho de Atalaia, de Alagoas.
O evento denominado "Saideira do Chula" promete lotar o Estádio Luís de Albuquerque Pontes, o Luizão, além de parar a cidade de Atalaia. Jogadores como Adriano Imperador, Marta, além de atletas do elenco responsável pelo último título mundial do São Paulo - do qual Aloísio fez parte - vão fazer a festa dos torcedores que estiverem presentes. E Chulapa lembra com carinho da vitória por 1 a 0 em cima do Liverpool (ING), no Japão, onde o Tricolor levantou a taça.
- Foi inesquecível. Foi naquele dia que eu dei um passe, estilo Ronaldinho, para o Mineiro fazer o gol título. Sem dúvida, por eu ser torcedor do São Paulo, aquele título foi muito especial para mim. Foi a partir dele que eu passei a ficar conhecido internacionalmente. Foi a maior conquista da minha vida.
Ainda sobre o Tricolor Paulista, com quem o atacante também conquistou os Brasileiros de 2006, 2007 e 2008, ele acrescenta: "Ter jogado no São Paulo é um orgulho que terei guardado no peito para sempre. Muitos falam que faltou em minha carreira jogar pela seleção brasileira, mas a minha seleção foi o São Paulo".
Amigos da bola
Além das conquistas, o futebol também deu a Chulapa muitas amizades. Dentre elas, algumas são mais que especiais, como é o caso da relação com o ídolo Rogério Ceni - com quem jogou no São Paulo - e do atacante Adriano Imperador - parceiro de Aloísio nas categorias de base do Flamengo.
Sobre o novo técnico do Fortaleza, Aloísio não esconde a admiração e afirma que fará de tudo para acompanhar a carreira do ex-goleiro no Nordeste.
- Rogério é o meu Patrão, que amo demais. Fiquei muito feliz em saber que ele chega para assumir um clube grande do Nordeste, no ano do centenário do Fortaleza, e tenho certeza de que ele terá muito sucesso na carreira de técnico para, quem sabe, voltar a comandar o São Paulo, outro sonho que quero ver realizado (risos).
Questionado sobre o encontro recente com Adriano Imperador no Rio de Janeiro, Aloísio diz ter certeza de que o ídolo do Flamengo ainda voltará a jogar profissionalmente.
- O Didico [Adriano] é meu irmãozão. Nós tivemos uma conversa muito boa lá na casa dele e acredito que, no próximo ano, ele voltará aos gramados para fazer aqueles golaços de canhota que só ele sabe fazer. Não posso revelar o time, mas acho que todos já sabem qual é [risos].
Momento do futebol alagoano
Na mesma entrevista à Gazetaweb, o jogador também destacou a importância de Alagoas ter, a partir de 2018, dois representantes no Campeonato Brasileiro da Série B.
- É um momento maravilhoso para o nosso estado. Ter CSA e CRB disputando lado a lado a Série B no ano que vem será muito bom. Eu fiquei feliz com o título da Série C conquistado pelo CSA e estava preocupado com a situação em que o Galo se encontrava. Mas, graças a Deus, tudo deu certo no final. Agora, a expectativa só aumenta em ver o Trapichão lotado pelas duas torcidas em 2018.
Vida após as chuteiras
Apesar de admitir que não deixará de jogar sua pelada com os amigos, Aloísio - que também é secretário de esportes de Atalaia - adianta que, após sua aposentadoria, pretende aproveitar a família, trabalhar pela cidade e focar em seu projeto social com crianças carentes.
- Vou curtir mais a minha família, diminuindo o ritmo. Nós jogadores temos uma vida muito corrida, viajando de um lado para o outro, e o tempo acaba passando muito rápido. Mas, agora, é me dedicar à minha casa e aos mais de 100 meninos do meu clube, o AL 14, e ao povo dessa cidade que eu amo demais.
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