
A nova dona da F1, em conjunto com a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e os times, se reunirão em 31 de outubro, em Paris, a para discutir alguns assuntos referentes ao futuro da categoria. Uma das pautas é sobre a nova geração de motores, que devem ser introduzidos em 2021. Com os motores V6 turbo híbrido (que transformam calor do tubo e energia cinética das frenagens em potência) muito complexos e caros, a ideia é achar uma solução mais simples e barata.
Uma das alternativas seria acabar com o MGU-H (que recupera o calor dissipado pelo turbo para, em seguida, tranformá-lo em energia elétrica), considerada a parte mais complicada do conjunto. Com o sistema fora de cena, seria mantido o KERS - hoje denominado MGU-K e que recupera energia das frenagens -, mas de uma forma diferente. A tecnologia seria incorporada a um eixo dianteiro, que transmitiria a energia armazenada em baterias para as rodas da frente - em forma de potência -, fazendo com que o carro trabalhasse com tração nas quatro rodas. A medida faria que com os carros tivessem mais aderência mecânica, melhorando o desempenho em curvas e permitindo que os carros pudessem seguir outros carros de perto sem perder aderência, uma das principais reclamações hoje. Contudo, a introdução desta tecnologia faria com que os carros ganhassem peso. A Mercedes é um dos times que gostariam de ver a continuação do MGU-H.
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- Como compensamos a perda de 60% da energia elétrica gerada (pelo MGU-H)? Existem várias possibilidades e tração dianteira é uma delas. Não quer dizer que estejamos presos nesta ideia, mas temos que discutir todas as possibilidades para compensar a perda de potência - afirma Toto Wolff, chefe do time alemão.
Além disso, há o receio de que uma mudança destas possa fazer com que um dos times dê o pulo do gato, enquanto outras sofrem para desenvolver o sistema, de acordo com o dono da Haas, Gene Haas.
- É a mesma armadilha em que a F1 se meteu quando escolheu estes motores. Parecia uma ideia simples, mas quando você começa os trabalhos de engenharia, tudo começa a se tornar muito complexo. Temos que ser cuidadosos antes de simplesmente adotarmos tração nas quatro rodas, porque pode ser mais uma daquelas ideias em que um time dá o pulo do gato e o resto fica sofrendo - analisa.
Um motor com alta tecnologia pode até agradar as grandes fabricantes, que acabam transferindo os conhecimentos da F1 para os carros de rua, mas não ajuda os times menores nem sequer atrai novas equipes para a categoria. Tendo isso em vista, o chefe da Renault, Cyril Abiteboul explica que a nova dona da F1 precisará se posicionar e aceitar que não conseguirá fazer com que todos fiquem felizes.
- Será extremamente difícil fazer com que os fãs, pequenos fabricantes de motores (como a Cosworth) e times que não precisam aplicar sua tecnologia em outros lugares (como no caso da RBR) felizes e, ao mesmo tempo, agradar também as grandes montadoras, as companhias de petróleo e fabricantes interessadas em entrar na categoria - relativiza.
Apesar de se dizer "um dos primeiros" a reconhecer a necessidade de se gastar menos da F1, o presidente da Ferrari, Sergio Marchionne, crê que seja inadimissível regredir para motores mais simples.
- O conhecimento e tecnologia da Ferrari não podem ser desfeitos com o objetivo de reduzir custos. Sou o primeiro a reconhecer que gastamos muito, mas não podemos agir no sentido de remover o que forma o DNA da Ferrari e da F1 - explica.