A Fifa vai abrir os cofres para suas filiadas. A entidade anunciou nesta quinta-feira que dará às suas associações membro um total de R$ 12,8 bilhões (US$ 4 bilhões) nos próximos dez anos para o desenvolvimento do futebol - sendo R$ 4,5 bilhões (US$ 1,4 bilhão) nos primeiros quatro anos, ou no primeiro mandato de Gianni Infantino, que poderá se candidatar à reeleição. Essa é uma das medidas que fazem parte de um pacote que vem sendo implementado na nova gestão, que passa pela renovação do quadro de funcionários, diminuição de poderes do Consellho (ex-comitê executivo) e a revisão de modelos como o da venda de ingressos que, a partir de 2018, deverá ser administrado diretamente pela entidade.
- As decisões sobre a alocação desses fundos será feita pelo Comitê de Desenvolvimento, que é composto 50% de membros independentes - avisou Infantino.
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Medidas anunciadas pela Fifa
A distribuição de verbas para seus membros foi uma das promessas do suíço anunciadas no palco do Congresso em fevereiro, em Zurique, no qual ocorreu a eleição. As medidas listadas no documento divulgado nesta quinta-feira com o projeto chamado de "Fifa 2.0: Uma visão para o futuro" são:
- Investir US$ 4 bilhões na próxima década no desenvolvimento do futebol através das 211 associações membros da Fifa dentro do Programa de Desenvolvimento Futuro da Fifa e iniciativas de financiamento adicionais.
- Aumentar a participação total no futebol - jogadores, técnicos, árbitros e torcedores - de 45% para 60% da população mundial.
- Meta de dobrar, para 60 milhões, o número de jogadoras de futebol no mundo até 2026 através do desenvolvimento e execução de uma estratégia para trazer as mulheres para o "mainstream" do futebol.
- Mudar o modelo atual para assumir controle mais direto de operações críticas de negócio, incluindo a venda de ingressos e atividades de organização da Copa do Mundo, e estabelecer grupos de trabalho para avaliar o processo de trazer essas operações para dentro da Fifa, de forma a assegurar ótimo retorno financeiro e satisfação dos clientes, bem como os mais altos padrões de transparência e boa governança.
Durante a reunião do Conselho, cuja primeira parte aconteceu na tarde desta quinta-feira, Infantino disse:
- Vamos investir no jogo, nos seus jogadores e no seu futuro. Vamos inovar para melhorar a experiência de atletas e torcedores, e vamos assumir operações de negócios para os nossos principais eventos. Isso nos permitirá entregar com base no nosso próprio comprometimento com o jogo e com seus bilhões de fãs.
Além dos R$ 12,8 bilhões para seus 211 membros nos próximos 10 anos, a Fifa distribuirá ainda R$ 321 milhões anuais para que suas filiadas desenvolvam a administração do futebol. Para o desenvolvimento do futebol feminino, a Fifa dará ainda R$ 1,1 bilhão (US$ 315 milhões) nos próximos dez anos, uma verba que será somada ao orçamento da nova Divisão de Futebol Feminino.
Entre as medidas internas, além de diversas mudanças no quadro de funcionários - Infantino trouxe para Zurique diversos profissionais com quem trabalhou na Uefa - haverá drásticas mudanças no sistema de venda de ingressos. Até 2018, a entidade ainda tem contrato com a Match, empresa que teve um dos seus executivos, Raymond Whelan, preso no Rio de Janeiro durante a Copa do Mundo de 2014. O ex-secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, foi banido do futebol pelo Comitê de Ética por envolvimento com venda ilegal de ingressos. O documento divulgado pela entidade diz que a venda de ingressos passará a ser feita pela própria Fifa ou por uma empresa subsidiária sob controle da entidade, de forma a "mudar a forma como a venda de ingressos é historicamente gerenciada". Essa nova fórmula será implementada para a Copa do Catar, em 2022.
Outra grande mudança a ser feita para 2022 é a reformulação da relação com o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo, passando a ter uma operação de organização do evento centralizada na Fifa. A entidade pretende ainda mudar o processo de candidatura para cidades que queiram ser sede da Copa do Mundo. A decisão sobre a sede vencedora não será mais do Conselho, que antes levava o nome de Comitê Executivo, e passará a ser do Congresso, com voto dos 211 membros. Candidaturas que não atendam aos critérios técnicos serão avaliadas pela administração da Fifa, e não mais pelo Conselho, que também perde o poder de decisão sobre contratos comerciais.
A entidade pretende abrir 11 escritórios regionais pelo mundo até 2018 para facilitar a supervisão da aplicação das verbas e trabalhará junto às confederações nacionais para efetivar um licenciamento global de clubes, com parâmetros mínimos a serem atingidos como segurança em estádio e futebol de base. Estão incluídas ainda medidas para evitar abusos na determinação de salários e revisará toda a política de compensação de membros de comitês e do Conselho.