Primeira ginasta negra dos Estados Unidos a conquistar a medalha de ouro no individual geral em uma Olimpíada (em Londres 2012), o título mais cobiçado da ginástica artística, Gabby Douglas tem passado por maus bocados nos Jogos do Rio de Janeiro. Uma enxurrada de críticas, parte delas racista, foi desencadeada depois que a atleta não levou a mão ao peito durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos, na última terça-feira.
Gabby era uma das candidatas ao primeiro lugar na final das barras assimétricas neste domingo, mas ficou na sétima posição - Aliya Mustafina (Rússia), Madison Kocian (EUA) e Sophie Scheder (Alemanha) abocanharam ouro, prata e bronze na decisão, respectivamente. Depois da prova, a ginasta comentou sobre os ataques e citou uma "negatividade".
Leia também
- Tem havido muita negatividade. Tem sido um pouco difícil e, ao mesmo tempo, muito triste - disse a ginasta à imprensa, segundo a Reuters.
Ao lado da fenômeno Simone Biles e das companheiras de time Lauren Hernandez, Aly Raisman e Madison Kocian, Gabby Douglas foi medalha de ouro na final por equipes da ginástica artística, na terça-feira. No momento do hino, no entanto, não colocou a mão sobre o coração. As críticas surgiram imediatamente, principalmente nas redes sociais.
Naquela ocasião, em sua conta no Twitter, a americana até pediu desculpas, embora acreditasse que não tivesse desrespeitado o país.
- Primeiramente, eu quero agradecer a todos vocês pela torcida. É uma honra enorme para mim representar o time dos Estados Unidos. Em resposta a alguns tuítes que eu vi, eu sempre respeito nosso país quando nosso hino nacional é tocado. Nunca tive nenhum desrespeito e me desculpo se ofendi alguém. Estou tão orgulhosa pelo que nosso time conquistou hoje e radiante por nós estarmos levando para casa outra medalha de ouro para o nosso país - postou ela.

À agência de notícias Reuters, Natalie Hawkins, mãe da ginasta, disse estar incrédula com a quantidade enorme de críticas que sua filha vem recebendo.
- Quando li aqueles comentários, eu fiquei tipo, "o quê?", "sério?". O que estava passando na cabeça dela é que ela está sendo atacada por tudo que ela faz. "Não importa o que eu faço, eu sou atacada" - se queixou Hawkins.
Essa, aliás, não é a primeira vez que o nome de Gabrielle Douglas é o holofote de uma polêmica. Em 2012, justamente após ter sido a primeira negra americana campeã olímpica do individual geral, ela passou a ser alvo de ataques racistas. A maioria deles criticava o seu cabelo.