A convenção do Partido Democrata que indicará a ex-secretária de estado americana Hillary Clinton como candidata à presidência dos Estados Unidos, irá contar com as estrelas do partido. O grande encontro na Filadélfia (Pensilvânia) começa nesta segunda-feira (25) e vai até quinta-feira (28).
Durante o evento, o partido levará toda sua artilharia pesada. A lista de oradores é liderada pelo presidente Barack Obama e pela primeira-dama, Michelle Obama, que deve falar ainda nesta segunda, segundo a Associated Press.
Leia também
O ex-presidente e marido de Hillary, Bill Clinton, deve falar na quinta-feira. O principal rival de Hillary nas primárias, o senador Bernie Sanders, também têm presença confirmada.
A campanha mostra claro interesse em atrair os eleitores latinos às urnas no dia 8 de novembro. A escolha do vice, o senador Tim Kaine, da Virgínia, deixa clara essa decisão. Fluente em espanhol, Kaine, de 58 anos, poderá capitalizar os esforços da ex-primeira-dama de 68 anos para atrair esse grupo.
Neste mesmo esforço, uma lista provisória dos oradores, figuram ainda os congressistas latinos como Joaquín Castro (Texas), Ruben Galego (Arizona) e Luis Gutiérrez (Ohio).
Os democratas também selecionaram imigrantes sem documentos para trabalhar na convenção. A iniciativa é vista como uma tentativa de marcar a diferença entre Hillary e seu rival republicano, Donald Trump, na abordagem da imigração. A candidatura de Trump foi formalizada na semana passada.
No campo dos famosos, estarão na Filadélfia as atrizes América Ferrera e Eva Longoria, a cantora Demi Lovato, a advogada Star Jones e os ex-jogadores da NBA, Kareem Abdul-Jabbar e Jason Collins.
Feridas abertas
No entanto, a unidade dos 4.700 delegados e dirigentes do partido certamente exigirá mais que discursos, já que as divisões ficaram em evidência durante as eleições primárias e Clinton precisa com urgência encontrar uma fórmula para atrair o voto dos eleitores mais jovens, seu grande ponto fraco.
Os efeitos da disputa interna vieram à tona com a divulgação de e-mails que mostram como a condução do partido tentou favorecer Hillary contra o senador Bernie Sanders. Nessas mensagens ficou evidente que verdadeiros pesos-pesados do partido discutiram formas de prejudicar Sanders em prol de Hillary.
Por causa do escândalo a presidente do partido, Debbie Wasserman Schultz, anunciou no domingo que renunciará ao cargo ao final da convenção.
Já durante a campanha interna, Sanders pediu publicamente a renúncia de Wasserman Schultz. Neste domingo, em declarações à emissora CNN, Sanders disse que "não há surpresas" diante do escândalo dos e-mails divulgados. "Por isso eu havia pedido a renúncia de Wasserman-Schultz há vários meses", acrescentou.
No entanto, um porta-voz da campanha de Clinton disse à mesma emissora CNN que "especialistas do partido" suspeitavam que hackers russos tivesse invadido os servidores do Comitê Nacional Democrata e agora estariam divulgando esses e-mails para ajudar na eleição de Trump.
Unidade necessária
Alheia à nova polêmica, Hillary espera poder unificar os grupos democratas com a presença de Kaine, um discreto, mas eficiente senador que ajudará a cobrir algumas necessidades: é católico de origem jesuíta, fala espanhol fluentemente e tem experiência política, pois já foi prefeito e governador.
Em uma eleição onde tanto Clinton como Trump tem níveis extraordinariamente elevados de rejeição - nos dois casos, claramente superior a 50% - ter um candidato à vice-presidência com uma sólida biografia política e capacidade de construir consensos é um recurso-chave para ganhar a eleição.
Mas depois de uma disputa interna incrivelmente desgastante, diversos setores democratas esperavam que Hillary Clinton optasse por um representante da ala mais à esquerda do partido, para criar uma ponte com o eleitorado jovem que optou pelo senador Bernie Sanders, seu adversário nas primárias.
Além disso, Kaine foi presidente do Comitê Nacional Democrata e, por isso, os eleitores mais jovens o veem como um homem ligado ao establishment partidário, precisamente um dos objetos de irritação entre os jovens eleitores.
Por essa razão, delegados escolhidos nas primárias para representar Sanders não descartam dar continuidade ao movimento "Bernie ou nada", que inclusive tem agendado atos de protesto na Filadélfia durante a Convenção Nacional onde espera mobilizar milhares de pessoas.