Os games online, chamados e-sports, nunca foram tão lucrativos. Jogadores estão ganhando salários e cachês para participarem de um único torneio. Os valores envolvidos nas premiações estão diretamente relacionado com o crescimento exponencial do setor em investimentos.
O jogo Dota 2 The International 2019, pagou um total de US$ 34 milhões (R$ 142 milhões na cotação do início de setembro) aos finalistas. Muitos dos investimentos vêm de gigantes do esporte, como o caso do jovem estadunidense Tyler Blevin, considerado o melhor jogador do game Fortnite do mundo e que se tornou o primeiro gamer da história a ser patrocinado pela Adidas.
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"O impacto do volume de dinheiro vindo das marcas globais está fazendo com que esses jovens participem de um único torneio e imediatamente já apareçam em alguma lista dos atletas mais bem pagos", escreveu o jornalista especializado em e-sports Andy Williams.
Kyle "Bugha" Giersdorf, um garoto dos Estados Unidos, venceu a última Copa do Mundo de Fortnite e levou para casa um prêmio de US$ 3 milhões (R$ 12,5 milhões).
Apesar disso, nem sempre os eventos de e-sports são tão bem pagos assim: na verdade, a maior parte da agenda é formada por torneios menores e com atletas ainda em formação que são avaliados pelos grandes gamers (e produtoras) antes de serem levados aos campeonatos mundiais. Segundo a Forbes, a maior parte dos torneios são organizados por gigantes do setor, como as estadunidenses Riot Games e Activision Blizzard.
"A participação dos desenvolvedores de jogos nos e-sports (como a inclusão de ligas franquiadas) não apenas cola os games diretamente ao nome das empresas, mas também dá segurança para os organizadores e investidores. Eles, por sua vez, se interessam porque procuram cada vez mais lugares seguros para propagandas - e as arenas de e-sports são locais ideais para isso", explica Williams.
Segundo dados da Forbes, o crescimento das premiações foi de cerca de 2.089% em uma década: em 2008, um total de US$ 7,4 milhões (R$ 30,9 milhões) foi distribuído entre premiações, valor que subiu para US$ 161,9 milhões (R$ 676,5 milhões) no ano passado.
Os altos investimentos, de acordo com Williams, são resultado de um boom do e-sports, motivado pelo interesse elevado no ecossistema de games como um todo que aumenta o valor das propagandas e das organizações. O sistema alimenta a si mesmo porque, quanto mais dinheiro é investido, mais outros investidores se interessam em colocar dinheiro nos torneios.
O Dota 2 The International 2019, realizado em agosto, em Xangai, na China, se tornou o evento com as premiações mais altas: US$ 34 milhões (R$ 142 mi). No entanto, o evento supera a si mesmo a cada ano: antes deste ano, era o Mundial do game que ocupava o topo da lista de campeonatos mais bem pagos do planeta: em 2018, na edição do Canadá, o torneio pagou US$ 25 milhões (R$ 104,4 mi), superando a sua própria edição do ano anterior, nos EUA, que havia dado US$ 24 mi (R$ 100,2 mi) aos melhores gamers.
Em 2016, a Valve Corporation, produtora do jogo, havia pago US$ 20 mi (R$ 83,5 mi) e, em 2015, US$ 18 mi (R$ 75,2 mi). Isso significa que, na lista das premiações mais gordas do e-sports, o Dota 2 leva uma grande vantagem sobre os demais jogos.
O Mundial de Fortnite é o primeiro campeonato de um jogo diferente depois dos cinco eventos do Dota 2: neste ano, em Nova York, a produtora do game pagou US$ 20 mi (R$ 83,5 mi) e US$ 15 mi (R$ 62,6 mi) para os vencedores das modalidades individual e duplas.
A lista, dominada pelo Dota 2, tem só um terceiro jogo diferente: o League of Legends (LoL), que pagou US$ 6,4 milhões (R$ 26,7 milhões) aos vencedores da Copa do Mundo do ano passado, disputado em Seul, na Coreia do Sul. Na época, um serviço chamado deLeague of Legends bettingfoi colocado à disposição de espectadores no mundo inteiro para que eles pudessem apostar nas equipes da competição - foi uma das primeiras vezes que um torneio de grande porte de e-sports permitiu apostas.