A Organização das Nações Unidas instituiu o 5 de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente. A iniciativa é alusiva à primeira conferência da ONU sobre o tema, ocorrida em 1972, na Suécia. Evento pioneiro após a Segunda Guerra, reuniu governos e representantes não governamentais de mais de 100 países, numa década efervescente para questões ambientais.
Tempos depois, uma comissão criada pelas Nações Unidas conceituou desenvolvimento sustentável como algo que viabiliza as demandas atuais "sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades". Desde então só cresceu o interesse pela defesa e melhora do meio ambiente, no sentido da sustentabilidade.
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Sobre o tema, a inserção do Brasil como referência no contexto internacional ocorreu em 1992, no Rio de Janeiro, onde a ECO-92 foi considerada a conferência sobre meio ambiente mais importante da história, com 180 chefes de Estado e de governo de todas as regiões do planeta.
No discurso de encerramento, o presidente Fernando Collor celebrou o evento como uma manifestação de esperança na capacidade da humanidade de lançar as bases de um mundo melhor, ambientalmente sadio e socialmente justo. "A proteção à biodiversidade não pode dividir; é causa de todos", exortou ele.
Collor traçou o rumo de uma nova ordem ambiental, "com desenvolvimento econômico sustentável, em que a liberdade sirva à justiça; e com uma vida política, em que a democracia se fortaleça e as soluções pacíficas sejam a regra necessária do convívio internacional".
Além da representatividade mundial, a ECO-92 também marcou pela qualidade de seus documentos, como a Convenção sobre Biodiversidade, que inaugurou um modelo de cooperação entre as nações. Passados 28 anos daquele momento histórico, eis o quadro de desarmonia vivenciado pelo mundo da atualidade.
No atual estágio da humanidade, da alta tecnologia contrastando com grave crise sanitária, como ignorar o conceito de desenvolvimento sustentável? Ou desconhecer o significado do Acordo de Paris para robustecer a resposta global às ameaças das mudanças climáticas?
Se há falta de efetiva cooperação internacional, o Brasil vive seu retrocesso no campo de políticas ambientais, com o desmantelamento das políticas climáticas que evoluíam desde a ECO-92. Sem um rumo nacional, os entes federados secundarizam suas políticas e também retroagem.
No caso de Alagoas, basta citar o desmatamento de quase 300 hectares de Mata Atlântica, de 2016 a 2017, num Estado que só possui um resquício de 4% dessa cobertura vegetal. Sem falar dos afluentes de dejetos, que ainda poluem nossas praias e lagoas, e do descarte irregular de lixo e de outros resíduos sólidos.
Resta a esperança da chegada de uma "nova normalidade", que haverá de surgir após a tempestade. Que ela então permita o reposicionamento de efetivas políticas públicas em defesa do meio ambiente, de modo que a ignorância seja suplantada pela compreensão de que não haverá desenvolvimento nem futuro fora da sustentabilidade do ecossistema.