Namorada de Eric Ferraz na época que ele foi assassinado, Helena Caroline Alencar, foi a primeira a ser ouvida no júri popular do caso, nesta manhã, no Fórum de Maceió. Ela contou que viu Judarley Leite de Oliveira, réu neste processo, no dia do crime, dando um soco no rosto do modelo antes de os tiros serem disparados. Porém, informou que não viu quem seria o autor dos disparos.
"Na hora dos tiros, eu me abaixei e não vi quem atirou", reforçou. A jovem diz lembrar que o réu estava olhando insistentemente para o grupo em que estavam Eric, ela e mais três amigos do casal.
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"Ele olhava para o grupo, não especificamente para mim, e fiquei incomodada. Como estávamos em uma cidade em que não conhecíamos ninguém, até falei para o Eric para nos afastarmos um pouco", relatou.
Ela negou que o modelo estivesse com uma garrafa de whisky na mão e que não fez qualquer gesto para os irmãos. "A única atitude dele foi a de cruzar os braços", contou. Helena também afirma que Eric não falou com os irmãos que são suspeitos no crime.
O julgamento
Faixas, cartazes, camisetas com mensagens cobrando justiça marcaram o início do julgamento. Os familiares da vítima dizem esperar a pena máxima para Judarley Leite e, com muitos curiosos, lotaram o auditório do fórum. A sessão do Tribunal do Júri é presidida pelo juiz John Silas, da 8ª Vara Criminal da Capital.
O pai do modelo estava ao lado da filha e da esposa vestindo uma camiseta com a foto de Eric. Antes do júri começar, ele falou com a imprensa sobre expectativa dos parentes para o momento.
"Esperamos, hoje, que ele venha a pegar a pena máxima por esse crime. Faz cinco anos que clamamos por justiça e agora esperamos que ela seja feita. Foi um homicídio covarde e queremos justiça", afirmou Edglemens dos Santos.
"A dor é muito grande. Isso acabou com a nossa vida. Choro de saudade do meu filho, que no dia 21 agora faria 29 anos de idade", disse Valdenice Santos, mãe de Eric Ferraz.
O advogado contratado pela família, Raimundo Palmeira, adiantou que vai pedir a condenação por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e com traição (porque dificultou a defesa da vítima). Segundo ele, o réu é confesso e já admitiu, em depoimentos anteriores ao julgamento, que atirou em Eric, durante festa de Réveillon, em 2012, na cidade de Viçosa.
"Ele assumiu o crime. A defesa vai tentar alegar legítima defesa, mas isso vai por terra. Esse foi um crime bárbaro, que chocou não só Alagoas, mas o Brasil. O Eric foi atingido numa festa, desarmado, sem reagir", comenta Palmeira.
Defesa
O advogado de defesa do réu, Welton Roberto, alegou que vai trabalhar para desqualificar o homicídio e apresentar a tese de homicídio privilegiado. "Há nos autos que o Eric foi tomar satisfação com o irmão do Judarley devido à namorada do Eric dizer que o irmão de Judarley [policial civil Jaysley Leite] teria encarado a mesma e ela exigiu que o modelo fosse tomar satisfação. Está provado que houve essa animosidade anterior aos fatos", afirmou.
Segundo a defesa, o crime aconteceu no calor das emoções. "Vamos apresentar três teses aos jurados: legítima defesa imputativa, a desqualificação do homicídio para simples e o privilégio para redução da pena", revela.
O promotor Antônio Vilas Boas disse que não existe legítima defesa e que foi homicídio duplamente qualificado. "Não existe legítima defesa. A vítima sequer estava armada. A defesa está fazendo o papel dela de tentar encontrar uma tese para o seu cliente. Mas o MP está tranquilo com relação ao que defendemos hoje. Além do homicídio do Eric, o caso ainda tem o desdobramento de uma tentativa de homicídio contra uma moça [Erica Ferreira da Silva], já que quando ele atirou no meio da multidão assumiu o risco de ferir", detalha o promotor.
Judarley também será julgado nesta quarta-feira essa tentativa de homicídio.